Depois de 15 anos a gritar angústias e histórias de desejo e carne, PJ Harvey parece cansada. A própria capa de "White chalk", o seu sétimo álbum de originais, traz um contraste gritante com o movimento de "Stories from the city, stories from the sea", ou o esgar de "uh huh her". Harvey está sentada, toda de branco e olha de frente para o ouvinte, como a interrogar "e então, percebes o que quero dizer?".
Não é fácil perceber. É preciso deixar que "White chalk" nos domine, porque as primeiras sensações são muito diferentes dos álbuns anteriores. Harvey canta como nunca cantou. Não há mudanças súbitas de ritmo. Em algumas passagens, até nos lembra figuras importantes (mas menores) da música pop, como Björk ou Joanna Newson.
É só realmente ao fim de algumas audições que se consegue perceber "White chalk", e realizar que a calma é aparente. O turbilhão criativo está lá e brilha intensamente. É um grande trabalho de PJ Harvey, tanto na composição como na interpretação de paisagens calmas na superfície, mas desafiadoras.
Um único senão, talvez picuinhice da minha parte. As músicas deveriam ter mais espaço para respirar. Cortar, por exemplo, "Devil", que abre o álbum, aos 2'45" é um crime. Já que o caminho para a contemplação foi aberto, deveria ter percorrido por inteiro.


Esta actuação, soberba, merece ser vista. Só, com uma cítara, PJ linda de morrer a descarnar "Grow, grow, grow".

1 Comentários a “PJ Harvey - "White chalk"”

  1. # Blogger Mário Azevedo

    soberba, sim, é a palavra para descrever este vídeo.  

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