Para mim, que nunca fui fiel escudeiro de Nick Cave, o seu grande projecto foram os Birthday Party. A solo, Cave conseguiu alinhar bons álbuns, com vários pontos de interesse, e com ideias actualizadas para a altura, até, digamos, "The Good Son". A partir daí, os álbuns atabalhoavam-se em repetições da matéria dada, com uma ou duas canções bem conseguidas e o resto, como dizem os americanos, era filler. Até chegar ao ponto em que já nem isso, como no último duplo - "The abbatoir blues/The lyre of Orpheus", que derivou em apresentações ao vivo desastrosas, como a que presenciei em 2005 em Paredes de Coura, com Cave a parecer um Frank Sinatra pós-freak, afogado pelo peso de tanta gente em palco e incapaz de se agarrar a outra coisa que não fosse a voz, ainda intocada. Os indefectíveis cavianos que me perdoem, mas o meu álbum preferido desde 90 é "Murder Ballads".
Assim, à primeira vista acatei com boa vontade a ideia de Nick Cave retirar da capa o seu nome, reduzir o alinhamento a uma banda de 4 elementos (mais três Bad Seeds) e avançar do registo de crooner da depressão urbana para um regresso rock-blues às origens.
Resultou durante três músicas: "Get it on", "No pussy blues" (vídeo acima) e "Electric Alice" apresentam aceitavelmente os Grinderman. A partir daí, nada de novo no front. "Grinderman", uma baladinha de trazer por casa, inicia a sensaboria que domina o disco até final. Não é que eu ache que os Grinderman não sejam boa ideia, mas é preciso mais do que isso. Mas ao menos é um passo noutra direcção. Vejamos é se o caminho se alarga.
2 comentários
Por Alex
às 23:34.
Assim, à primeira vista acatei com boa vontade a ideia de Nick Cave retirar da capa o seu nome, reduzir o alinhamento a uma banda de 4 elementos (mais três Bad Seeds) e avançar do registo de crooner da depressão urbana para um regresso rock-blues às origens.
Resultou durante três músicas: "Get it on", "No pussy blues" (vídeo acima) e "Electric Alice" apresentam aceitavelmente os Grinderman. A partir daí, nada de novo no front. "Grinderman", uma baladinha de trazer por casa, inicia a sensaboria que domina o disco até final. Não é que eu ache que os Grinderman não sejam boa ideia, mas é preciso mais do que isso. Mas ao menos é um passo noutra direcção. Vejamos é se o caminho se alarga.
2 Comentários a “"Grinderman" - s/t”
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estou curioso por ouvir; por esta música parece haver um retorno ao que ele fez nos anos 80. só mais uma coisa: "murder ballads" é na minha opinião o pior disco do Nick Cave até "the abbatoir..." mas pronto, são gostos...
OK, neste caso são maus gostos, mas aceito o reparo. Em minha defesa, digo que gosto muito da abertura do "Muder Ballads", com "Song of joy", "Stagger Lee" e "Henry Lee" - ou não estivesse lá a P J Harvey. O que já é mais do que posso dizer de todos os outros disco do Cave na década de 90.