1. Liars - "Drum's not dead"
Muitas vezes é preciso algumas audições até que um álbum "cresça" dentro da nossa percepção. Para "Drum's not dead", isto não chega - é necessário engajamento para apreciar os seus tesouros. Ao terceiro álbum, os Liars conjugam uma quantidade exorbitante de elementos da melhor música pop dos últimos 30 anos: há guitarras à Sonic Youth, ambientes à Radiohead, melodias à Bauhaus, mas tudo misturado e em proporções tão gigantescas que a experiência de ouvir o álbum todo de seguida pode ser estonteante. Eu não consigo atingir o distanciamento suficiente para saber se "Drum's not dead" é uma obra-prima ou um embuste. Para já, opto pela primeira.

2. Beirut - "Gulag orkestar"
Este deve ser o álbum mais inesperado do ano. Uma colecção de canções pop até à alma tocadas com instrumentos da Europa do Leste. Todas as razões indicariam que esta parceria não poderia funcionar. Mas funciona - e por um motivo. As canções de Zach Condon são tão poderosas que qualquer arranjo lhes ficaria bem. A juntar à lenda, o facto de um miúdo de 19 anos ter gravado esta pérola torna-se tão improvável que parece surreal. Mas "Gulag orkestar" existe.

3. Mogwai - "Mr. Beast"
Se "Mr. Beast" só tivesse uma canção - "We're no here" - já estaria entre os melhores do ano. Mas a apoteose sonora da última canção do álbum funciona como âncora para um retorno em grande dos escoceses ao universo de construção estrutural de sons que caracteriza a sua música. Faixa após faixa são camadas e mais camadas de instrumentos a ribombar com força, singularidade e charme.

4. Sonic Youth - "Rather ripped"
Em 2004, acerca de "Sonic nurse", escrevi que "nesta última fase da sua carreira, os Sonic Youth encontraram o equilíbrio na composição que lhes parece permitir continuar a fazer música de primeira qualidade para sempre". Continua a valer. "rather ripped", porém, é mais conciso, mais directo na busca das canções. Eu tenho saudades das divagações sónicas de "Daydrean Nation" ou "A thousand leaves", mas não me posso queixar. Quem me dera ter 53 anos, como Kim Gordon, e ainda rockar com tanta força.

5. Six organs of admittance - "The sun awakens"
Ben Chasny escreveu a sua obra maior em 2006. "The sun awakens" emerge de um crescendo de voz lamentosa, guitarra acústica e feedback mestiçado em transe, hipnotizando progressivamente até a bomba paralizante de 24 minutos que é "River of transfiguration".

2 Comentários a “2006 em sons (1-5)”

  1. # Blogger Mário Azevedo

    Gosto sobretudo dos discos dos Sonic Youth e Beirut; o dos Liars tb é bom, mas não estou muito virado para o som deles; se não te conhecesse, não acreditaria que havia pessoas que gostavam dos Mogway; quanto ao "the sun awakens", parece-me bem mais fraco que o anterior.  

  2. # Blogger Alex

    És um piolhoso. Além de estares sempre a dizer mal dos Mogwai não sabes escrever o nome da banda.  

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