Parece-me que a questão do Irão não está a ser bem analisada, nem pelos meus amigos blogueiros, nem pela generalidade dos escrevinhadores.
O Irão quer desenvolver armas nucleares. Isto é ponto assente, e não é discutível. Mas porque quer o Irão desenvolver armas nucleares?
Agora ponham-se do outro lado. Desde o fim da guerra Irão-Iraque, o Irão não tem constituído qualquer ameaça para o Ocidente. Pelo contrário, os Estados Unidos da América e a Europa invadiram dois países vizinhos e instalaram governos-fantoche, além de episódios esporádicos, como arrebentar uma fábrica de medicamentos no Sudão ou os habituais massacres de civis na Palestina.
Por isso tudo, digam lá, quem deve ter mais medo? Nós deles, ou eles de nós? Aliás, digo mesmo que a única forma de garantir a independência a médio prazo, para qualquer país do Médio Oriente, é desenvolver armas de destruição maciça como meio dissuasor. Mas desenvolvê-las a sério, e não ameçar. Porque Saddam Hussein ameaçou e não cumpriu, e foi aquilo que se viu.
Esta estratégia é justificável? Sim e não. O presidente do Irão é um louco? Sim e não. Mas quando é permitido ao país mais beligerante da zona, que é Israel, não assinar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares impunemente, de que é que estamos à espera?

7 Comentários a “Irão”

  1. # Blogger Mário Azevedo

    eu sinceramente acho muito mais perigoso o Irão do que os Estados Unidos. Dizer que o Irão não tem constituído nenhum perigo é incorrecto, o Irão tem estado por detrás da maioria dos movimentos extremistas e terroristas, apoiando-os, incentivando-os, criando-os muitas vezes. Além disso, nós sabemos que os americanos só utilizariam armamento nuclear numa situação extrema. Não podemos dizer o mesmo do Irão.  

  2. # Blogger Alex

    A minha questão é saber se a ONU deve ou não negar aos iranianos o direito de se protegerem de uma invasão eminente.
    Que o Irão será invadido é quase uma certeza. Se desenvolver armas nucleares, será invadido para "travar a ameaça". Se não o fizer, porque está indefeso. Tal como aconteceu com o Iraque.
    Se acham que estou a exagerar, dirijo-vos ao endereço http://www.newamericancentury.org/ , que é a morada do think tank do qual fazem parte Chenney, Rumsfeldt e outros membros do governo Bush. Mas só para dar um cheirinho, leiam a nota de introduçaõ do site: "The Project for the New American Century is a non-profit educational organization dedicated to a few fundamental propositions: that American leadership is good both for America and for the world; and that such leadership requires military strength, diplomatic energy and commitment to moral principle.". Ou então, o asua declaração de princípios, que diz:
    " Our aim is to remind Americans of these lessons and to draw their consequences for today. Here are four consequences:
    • we need to increase defense spending significantly if we are to carry out our global
    responsibilities today and modernize our armed forces for the future;
    • we need to strengthen our ties to democratic allies and to challenge regimes hostile to our interests and values;
    • we need to promote the cause of political and economic freedom abroad;
    • we need to accept responsibility for America's unique role in preserving and extending an international order friendly to our security, our prosperity, and our principles.". Este último documento ( Declaração de princípios) traz a lista de participantes.
    Esta gente não está a brincar. E nós?  

  3. # Blogger Alex

    Desculpem lá... é "iminente", não "eminente".  

  4. # Blogger Mário Azevedo

    Alex, eu não preciso que me recordes o que pensam Chenney, Rumsfeldt e companhia. Mas a América é mais do q isso, quer queiras quer não queiras. Tem opinião pública e tem sensibilidades diferentes. Há muita gente lá que odeia o Bush e são cada vez mais os americanos que criticam a guerra. além disso, eles nunca embarcarão noutra sem os aliados europeus, que estão ainda menos predispostos do que antes da invasão no Iraque. por fim, eu confesso, tremo só de pensar na hipótese de um país como Irão ter armas nucleares.  

  5. # Anonymous Anónimo

    Alex ainda te lembras quem chegou de Paris de deu cabo do Irão? Komeni. Lembraste do que se passou nos anos seguintes ao seu "poder". A memória a curta. Comparar o EUA ao Irão?!! bem, nem vale a pena dizer mais nada. O Mário tem razao...a América é mais que os nomes que referiste..e ainda bem. Há uma VALOR que preso, e luto por ele: a LIBERDADE.  

  6. # Blogger Alex

    Bem, vamos parar por aqui. Eu não comparei nada, e no Rotação Difusa já fui acusado de anti-americano e chamaram-me idiota. O governo dos Estados Unidos da América traçou um rumo de acção que está em documentos disponíveis para consulta, alguns dos quais eu apontei no comentário anterior. Até agora está a cumprir este plano e eu não acusei os americanos de nada. Estão a defender interesses, tal como os radicais que incitam jovens a queimar embaixadas e o Presidente do Irão. Cada um joga as suas cartas e eu não estou a fazer juízos de valor. Mas também não estou a inventar factos. Os documentos existem, o Iraque e o Afeganistão foram invadidos.
    Além disso, o meu post não isolava o governo de Bush como único responsável por isso. Os governos de Inglaterra, Espanha, Portugal e outros, ao assumir o ónus da invasão ao Iraque, concordaram implicitamente com o plano de acção do governo Bush.
    Se me falam de opinião pública, liberdade, e isso, só posso responder: não estamos a falar do mesmo. A minha questão que abria o comentário anterior mantém-se.
    Mário, eu não escrevo aqui só para ti. Por isso, não te estou a tentar ensinar nada, mas estou a esclarecer uma opinião para os nossos 40 visitantes diários.  

  7. # Anonymous Anónimo
Enviar um comentário

Procura



XML