Esta notícia é reveladora de duas coisas.
A primeira é que estamos perante um grave atentado à liberdade política e à liberdade de opinião. Muito dificilmente se poderá alegar (e muito menos provar) qualquer tipo de dolo de que possa relevar um ilícito disciplinar ou penal. Regressamos aos tempos da "velha senhora". Faz-me lembrar algumas experiências vividas em pleno Alentejo no período pós -PREC. E eu que pensava que a perseguição política havia desaparecido da nossa vivência colectiva.
Por último, o relato espelha a realidade das muitas coutadas políticas que se renovam com a alternância democrática. Os dirigentes destas instituições são verdadeiros comissários políticos ao serviço dos respectivos partidos e, por isso mesmo, alimentam as suas pequenas guerrilhas políticas internas onde actuam sem escrúpulos. Numa altura em que se exige mérito e competência à função pública, como se poderá justificar a manutenção destas ondas sucessivas de nomeações políticas para cargos públicos à custa do erário público? É completamente inaceitável. Vergonhoso.
Reflexão final: imagino os "rios" de tinta e os decibéis de indignação caso o episódio ocorresse com o PSD. A palavra fascismo seria com certeza empregue inúmeras vezes. Neste caso, suspeito que o assunto morrerá aqui.
2 comentários
Por Leandro Covas
às 16:17.
A primeira é que estamos perante um grave atentado à liberdade política e à liberdade de opinião. Muito dificilmente se poderá alegar (e muito menos provar) qualquer tipo de dolo de que possa relevar um ilícito disciplinar ou penal. Regressamos aos tempos da "velha senhora". Faz-me lembrar algumas experiências vividas em pleno Alentejo no período pós -PREC. E eu que pensava que a perseguição política havia desaparecido da nossa vivência colectiva.
Por último, o relato espelha a realidade das muitas coutadas políticas que se renovam com a alternância democrática. Os dirigentes destas instituições são verdadeiros comissários políticos ao serviço dos respectivos partidos e, por isso mesmo, alimentam as suas pequenas guerrilhas políticas internas onde actuam sem escrúpulos. Numa altura em que se exige mérito e competência à função pública, como se poderá justificar a manutenção destas ondas sucessivas de nomeações políticas para cargos públicos à custa do erário público? É completamente inaceitável. Vergonhoso.
Reflexão final: imagino os "rios" de tinta e os decibéis de indignação caso o episódio ocorresse com o PSD. A palavra fascismo seria com certeza empregue inúmeras vezes. Neste caso, suspeito que o assunto morrerá aqui.
2 Comentários a “Coutadas políticas”
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No tema do post tens toda a razão. Já no comentário ao teu post anterior relatei um caso que me leva a pensar que esta... senhora (não digo mais porque eu também estou sob a sua alçada) tem algum problema mal-resolvido com opiniões contrárias.
Mas não generalizemos. Não tenhas dúvidas que na função pública a maior parte das pessoas utiliza a cabeça para pensar.
Quanto à tua reflexão final, aí já não concordo. Pensas mesmo que a comunicação social seria mais dura com um governo PSD? Não foi isso que se viu nos governos de Cavaco e Barroso, nem é o que se tem visto com a presidência do homem-do-bolo-rei. Nem é o que sugere o próprio caso da licenciatura do PM. E um dos maiores grupos privados da Comunicação Social até é do militante nº 1 do PSD...
Como qualquer outro sector económico, existirão bons e maus funcionários públicos. Eu não sou daqueles que alimenta preconceitos contra o funcionalismo público. Pelo contrário, acho que os males do "sistema" advêm do próprio "sistema" e os (bons) funcionários públicos serão também vítimas dele.
Quanto à reflexão final, temos de concordar em discordar. Qualquer dos exemplos que referes, bem fundamentados, servirão para demonstrar o meu ponto de vista e não o teu. Mas adiante. A minha opinião acaba por assentar também em fenómenos sociais e políticos pois Portugal é um país de maioria de esquerda e é ainda herdeiro de concepções que encaram a direita democrática como "reaccionária". Por isto tudo, a comunicação social encara os governos de centro-direita como pratos acessíveis e apetecíveis.
O argumento do militante n.º 1 do PSD não pega. Não te esqueças que foi a SIC que, durante um documentário realizado pela esposa do Adolfo Luxúria Canibal, verbalizou pela 1.ª vez a teoria de que os media conseguiriam "fazer" ou destituir presidentes. E o último mandato do Cavaco como 1.º ministro espelha esse poder. O actual Governo está a tomar medidas mais onerosas para os portugueses do que as implementadas pelo Barroso e anda tudo demasiado calmo.
Desculpa, mas continuo a achar que tenho razão. Quanto ao Cavaco, anda tudo calmo devido à natureza da função e ao modo como este a tem exercido. Se há alguém que poderá queixar-se (que não é o meu caso)é a chamada "direita". Espera só pela primeira verdadeira controvérsia fracturante e verás logo a diferença.