O documento em discussão do Estatuto da Carreira Docente tem vários pontos controversos, que por força da minha actividade profissional e do conhecimento dos temas, irei discutindo aqui ao longo do tempo. De momento,fico-me por um dos pontos que tem saltado à ribalta das aberturas dos noticiários: a avaliação dos professores pelos pais e encarregados de educação.
É necessário esclarecer alguns pontos: primeiro, a avaliação dos pais é apenas um dos muitos aspectos que serão utilizados para calcular a classificação da actividade do docente durante o ano lectivo; segundo, todos os pais serão chamados a participar na avaliação, e, assim, uma opinião favorável ou desfavorável de um ou outro encarregado de educação terá um peso residual na avaliação do professor.
Os professores sérios pedem há muito tempo um método de avaliação responsável. Querem realmente uma revalorização da carreira, e isso só pode ser feito se for possível distinguir os profissionais que sabem o que estão a fazer daqueles que não querem saber. Eu apoio a participação dos pais na avaliação da escola como um todo, e em consequência, dos profissionais que estão a tratar dos seus filhos. O princípio deve ser universal: têm de ser os clientes (alunos e pais) a avaliar a qualidade do serviço que lhes está a ser prestado.
Descendo mais à terra, só temo que isto acarrete outro problema: falta de pais para avaliar os professores. Se hoje já quase temos de pedir por favor só para virem às reuniões levantar as notas...
6 comentários
Por Alex
às 23:18.
É necessário esclarecer alguns pontos: primeiro, a avaliação dos pais é apenas um dos muitos aspectos que serão utilizados para calcular a classificação da actividade do docente durante o ano lectivo; segundo, todos os pais serão chamados a participar na avaliação, e, assim, uma opinião favorável ou desfavorável de um ou outro encarregado de educação terá um peso residual na avaliação do professor.
Os professores sérios pedem há muito tempo um método de avaliação responsável. Querem realmente uma revalorização da carreira, e isso só pode ser feito se for possível distinguir os profissionais que sabem o que estão a fazer daqueles que não querem saber. Eu apoio a participação dos pais na avaliação da escola como um todo, e em consequência, dos profissionais que estão a tratar dos seus filhos. O princípio deve ser universal: têm de ser os clientes (alunos e pais) a avaliar a qualidade do serviço que lhes está a ser prestado.
Descendo mais à terra, só temo que isto acarrete outro problema: falta de pais para avaliar os professores. Se hoje já quase temos de pedir por favor só para virem às reuniões levantar as notas...
6 Comentários a “A avaliação dos professores”
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Já que estamos numa fase de ideias, aqui fica uma:
- Que tal incluir na avaliação dos professores os resultados obtidos pelos seus alunos? A formula era simples, bastando submeter todos os alunos a exames nacionais idênticos e aferir o desempenho dos professores em função dos resultados conseguidos pelos seus alunos.
Será esta uma formula perfeita? Aceito que possa não ser, mas acredito que devidamente poderada pelos aspectos extrínsecos à prórpia actividade lectiva, talvez fosse o mais transparente de todos e o que melhor incentivasse a melhoria da qualidade global.
Esta ideia já está prevista na proposta de avaliação dos professores. O documento é público e pode ser consultado no site da FenProf.
Se a avaliação através dos resultados dos alunos for feita a sério (ainda não se sabe como será), será uma avaliação aferida. No caso dos teus exames, o teu resultado a LP teria de ser confrontado com a média nacional do exame de LP, e assim por diante. Portanto, o que seria comparado não são as notas brutas, mas um índice de comparação com as médias nacionais.
O Ministério da Educação devia mudar de nome, porque o conceito de educação já não está presente nas mentes de quem o governa. O que importa agora é habilitar profissionais com saber pragmático ou simplesmente com certificados.
No entanto,a educação não é só profissionalizar a malta nas áreas exigidas pelo mercado. É outra coisa, que se conhece há alguns milhares de anos. É fornecer aos indivíduos os meios já disponíveis à Humanidade para perceber o que é ser Homem entre animais, plantas e minerais, etc. (ainda se notam algumas diferenças, mas alguns jovens já só fazem frases monossilábicas e apreciam todo o tipo de tanga).
As professoras que ajudaram (?)a Esteva a tirar boas notas nos exames poderão ter cumprido o seu papel de instrutor para exame (como os de condução, por exemplo, há uns melhores do que outros). Mas o objectivo do sistema de ensino não é gerar mestres na arte de resolver exames, é criar gente capaz de resolver salutarmente problemas pessoais e profissionais, no mínimo.
O senhor da literatura fez muito mais, foi professor: transmitiu conhecimentos, partilhou emoções pessoais, evocou directa ou indirectamente experiências de vida; por isso, prendeu o auditório, fez-se ouvir (uau!),fez-se entender (bravo), conquistou alguns alunos para o mundo da linguagem humana e da literatura (excelente), ficou na memória de alguns (artista raro).
Com instrutores de exame, entra-se na faculdade com alguns conhecimentos disciplinares; com professores entra-se na faculdade com alguns conhecimentos sobre a vida, o mundo e o homem.
E não têm de ser professores de literatura, têm é de ser profissionais de mente razoavelmente sã, curiosos, insaciáveis, entusiastas por alguma coisa deste mundo ou do outro. Toda a gente sabe que os alunos só aprendem, ou aprendem melhor, aquilo que lhes toca a emotividade, tudo o resto passa e é tempo perdido.
Alerta! Em dez anos o instrutor de exames será empurrado para a prateleira pela informática. Afinal,"ele há tanta maneira de compor uma estante", diria Cesariny.
Se esta avaliação dos profs servisse para emprateleirar o instrutor pica-o-ponto, menos mal. A mim parece-me que vai emparedar bons e maus. De mãos contra a parede pouco se pode fazer, venha, pois,o pelotão de fuzilamento. Posso pedir um último desejo? Deixam-me ir à Finlândia espreitar aquilo? Dizem que se ganha bem, se calhar também dá gosto trabalhar...
cinzeiro g
O Ministério da Educação devia mudar de nome, porque o conceito de educação já não está presente nas mentes de quem o governa. O que importa agora é habilitar profissionais com saber pragmático ou simplesmente com certificados.
No entanto,a educação não é só profissionalizar a malta nas áreas exigidas pelo mercado. É outra coisa, que se conhece há alguns milhares de anos. É fornecer aos indivíduos os meios já disponíveis à Humanidade para perceber o que é ser Homem entre animais, plantas e minerais, etc. (ainda se notam algumas diferenças, mas alguns jovens já só fazem frases monossilábicas e apreciam todo o tipo de tanga).
As professoras que ajudaram (?)a Esteva a tirar boas notas nos exames poderão ter cumprido o seu papel de instrutor para exame (como os de condução, por exemplo, há uns melhores do que outros). Mas o objectivo do sistema de ensino não é gerar mestres na arte de resolver exames, é criar gente capaz de resolver salutarmente problemas pessoais e profissionais, no mínimo.
O senhor da literatura fez muito mais, foi professor: transmitiu conhecimentos, partilhou emoções pessoais, evocou directa ou indirectamente experiências de vida; por isso, prendeu o auditório, fez-se ouvir (uau!),fez-se entender (bravo), conquistou alguns alunos para o mundo da linguagem humana e da literatura (excelente), ficou na memória de alguns (artista raro).
Com instrutores de exame, entra-se na faculdade com alguns conhecimentos disciplinares; com professores entra-se na faculdade com alguns conhecimentos sobre a vida, o mundo e o homem.
E não têm de ser professores de literatura, têm é de ser profissionais de mente razoavelmente sã, curiosos, insaciáveis, entusiastas por alguma coisa deste mundo ou do outro. Toda a gente sabe que os alunos só aprendem, ou aprendem melhor, aquilo que lhes toca a emotividade, tudo o resto passa e é tempo perdido.
Alerta! Em dez anos o instrutor de exames será empurrado para a prateleira pela informática. Afinal,"ele há tanta maneira de compor uma estante", diria Cesariny.
Se esta avaliação dos profs servisse para emprateleirar o instrutor pica-o-ponto, menos mal. A mim parece-me que vai emparedar bons e maus. De mãos contra a parede pouco se pode fazer, venha, pois,o pelotão de fuzilamento. Posso pedir um último desejo? Deixam-me ir à Finlândia espreitar aquilo? Dizem que se ganha bem, se calhar também dá gosto trabalhar...
cinzeiro g
Concordo com tudo aquilo que escreveste, mas temos de ser realistas. Não é para aí que nós, europeus, caminhamos. A Alemanha tem 78% dos jovens em escolas profissionais. As escolas, segundo os nossos dirigentes, devem formar técnicos. Podemos discordar, mas quem os escolheu fomos nós.
Voltarei a este assunto num próximo post.