Muitas vezes se diz que o futebol não é uma ciência. Aparecem uns Mourinhos, que se encarregam de fazer aquilo tudo parecer impenetrável, mas em geral somos todos bons treinadores de bancada.
Nos dois jogos da selecção de Esperanças - que eu não sei bem porque é sub-21, já que há jogadores a fazer 23 anos - incontáveis bolas foram atiradas para a área dos adversários. Hugo Almeida, alvo fixo de todos os centros, não conseguiu cabecear uma única vez na sua área de acção.
Primeiro, temos de criticar a falta de qualidade e sincronização dos centros com a manobra do ponta-de-lança, mas no jogo de ontem já irritava a imobilidade de Almeida. Qualquer leigo sabe que quando o avançado está em desvantagem numérica e de altura tem de atacar a bola no primeiro poste e não esperar por ela no segundo. Hugo Almeida esteve 180 minutos à espera, e nem ele, nem os colegas, nem Agostinho Oliveira perceberam que ele tinha de dar três passos para a frente. Depois queixam-se do azar e do árbitro.
Scolari teve a fabulosa ideia de colocar Figo e Ronaldo no mesmo flanco. O 4-3-3 existe há uns 40 anos, mas o brasileiro vai revolucionar a estratégia: vai tudo para o mesmo lado e no outro não fica ninguém. Como Ronaldo é um jogador muito lento e que não precisa de espaço para fintar ninguém, é capaz de resultar... Ou então o plano é fazer com que ninguém nos leve a sério. Se calhar assim é mais fácil ganhar.
Os comentadeiros e jornaleiros, como é óbvio, elogiam.