Este texto de Vasco Pulido Valente a criticar o Plano Nacional de Leitura é estranhíssimo. É de tal maneira embrulhado no raciocínio que é difícil de deslindar o que quer que seja. Vejam: ele pega numa informação estatística (os portugueses nunca leram tanto); a partir desta informação faz uma pergunta (o Estado não está satisfeito com a escolha dos portugueses?); a partir desta pergunta faz uma afirmação crítica (não cabe ao Estado orientar o gosto do povo). Ora, é sempre estranho construir uma crítica a partir de uma pergunta. Na verdade ninguém disse que o Estado não está satisfeito com as escolhas dos portugueses (sobretudo quando estas incluem livros de Saramago e de Miguel Sousa Tavares). Que eu saiba o que se pretende é promover a leitura.
A frase «não cabe ao Estado orientar o gosto do povo», isolada, é linda, digo mais, é a coisa mais redonda que se pode dizer acerca do Estado. Mas ela surgiu a que propósito neste contexto específico? Dá impressão de ter sido colocada a ferros.
Certo, eu não conheço o Plano, mas pela crónica do Público não consigo ver onde é que surge esse tom orientador do gosto. Se ele faz esta crítica de uma forma tão contundente podia ao menos explicar-nos como chegou a ela.

1 Comentários a “A prósito de um texto estranho aqui vai outro texto estranho”

  1. # Blogger fernando_vilarinho

    é mais um texto manta de retalhos do V.P. Valente. Tem de preencher o texto com as cerca de 800 palavras e tudo o que lhe vem à cabeça despeja, muitas vezes de forma desconexa, no texto.
    Estes liberais de algibeira a maior parte das vezes não pensam (ou se dão ao trabalho de o fazer), acabando por repetir sempre as mesmas teorias.

    Ainda mais que Leitura (num âmbito geral), o Plano visa no essencial reduzir a Iliteracia. E ele nem diz uma palavra sobre isso... (mas tb é dos que se quaixa que ela aumenta).
    Quem precisava de alguma orientação se calhar era ele!

    E aqui (Plano) Leitura não é só ler, é também escrever e falar o mais correcto possível.  

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