Hoje escrevi pela primeira vez o nome da minha filha. Foi um momento pouco solene (futuros papás, aviso-vos já - arranjem vaga num infantário o quanto antes), mas quando terminei e olhei para o que tinha escrito passou-se qualquer coisa estranha.
Sabem que as pessoas que tiveram experiências de quase-morte relatam que, no momento do desprendimento da alma relembram vários episódios da vida? Quando vi o nome da Beatriz vi um flashback de diversos momentos, uns mais distantes, outros mais próximos. Como se o tempo tivesse parado um bocadinho para que eu transmitisse as minhas memórias para a pequenina. Nós temos poucos instantes puramente espirituais no nosso quotidiano. Hoje pude saborear um.
Será que a minha crescente nostalgia da adolescência tem algo a ver com a aproximação de um novo papel na minha vida? Quem sabe? Talvez o tempo.
E li agora uma frase do Evangelho de Judas - “...irás superá-los a todos. Pois irás sacrificar o corpo que me reveste.” Ainda estou arrepiado.