Li esta notícia no sábado, mas pensei que era brincadeira de 1 de Abril. Mas voltei a ler hoje, e parece-me que alguém está a levar isto a sério.
Resumindo: a indústria fonográfica quer acabar com a troca de músicas na Internet com ameças de processos judiciais.
Descontando a improbabilidade de colocar processos a todas as pessoas que fazem downloads ilegais, também tenho um ou dois pontos para contrapôr:
1. O que circula numa rede não são ficheiros completos: são pacotes de bits. O que pode ser feito para controlar o conteúdo do tráfego é apurar, através da sua origem ou destino, se é provável que um pacote de bits seja parte de um ficheiro de um determinado tipo. Mais do que isso, só se tiverem computadores a interceptar todos os pacotes no ISP (Internet Service Provider) para reconstituir todos os ficheiros. Quantos computadores serão precisos para fazê-lo com os programas peer-to-peer que todos temos? 10 mil? 50 mil? Um milhão? Não deve ser menos que isso. Reparem que, nos casos de troca de imagens de pedofilia, é necessário encontrar primeiro os donos dos websites, e só depois, nos próprios PCs destes, pode-se procurar os destinatários dos ficheiros. No caso do software peer-to-peer, um ficheiro pode vir de um número infinito de utilizadores diferentes.
2. Depois, como será possível identificar se um ficheiro é ou não de música? A maior parte dos ficheiros que circulam estão compactados (em formato zip ou rar), e mesmo se não estiverem, é trivial alterar a extensão dos ficheiros de mp3 para m3p ou zzz ou qualquer coisa. E mesmo que os tentassem descodificar pelo conteúdo (e neste caso o milhão de PCs que pus em cima já é mais realista), é relativamente simples para um software de partilha encriptar os ficheiros utilizando uma chave partilhada pelos utilizadores. É o que acontece com as ligações seguras da Internet, ou com e-mails assinados.
Poderia continuar com mais argumentos, mas tentando não ser demasiado técnico, a minha opinião é esta: ou isto é mesmo brincadeira de 1 de Abril, ou o senhor não sabe bem o que está a dizer. Aguardemos.
3 comentários
Por Alex
às 19:14.
Resumindo: a indústria fonográfica quer acabar com a troca de músicas na Internet com ameças de processos judiciais.
Descontando a improbabilidade de colocar processos a todas as pessoas que fazem downloads ilegais, também tenho um ou dois pontos para contrapôr:
1. O que circula numa rede não são ficheiros completos: são pacotes de bits. O que pode ser feito para controlar o conteúdo do tráfego é apurar, através da sua origem ou destino, se é provável que um pacote de bits seja parte de um ficheiro de um determinado tipo. Mais do que isso, só se tiverem computadores a interceptar todos os pacotes no ISP (Internet Service Provider) para reconstituir todos os ficheiros. Quantos computadores serão precisos para fazê-lo com os programas peer-to-peer que todos temos? 10 mil? 50 mil? Um milhão? Não deve ser menos que isso. Reparem que, nos casos de troca de imagens de pedofilia, é necessário encontrar primeiro os donos dos websites, e só depois, nos próprios PCs destes, pode-se procurar os destinatários dos ficheiros. No caso do software peer-to-peer, um ficheiro pode vir de um número infinito de utilizadores diferentes.
2. Depois, como será possível identificar se um ficheiro é ou não de música? A maior parte dos ficheiros que circulam estão compactados (em formato zip ou rar), e mesmo se não estiverem, é trivial alterar a extensão dos ficheiros de mp3 para m3p ou zzz ou qualquer coisa. E mesmo que os tentassem descodificar pelo conteúdo (e neste caso o milhão de PCs que pus em cima já é mais realista), é relativamente simples para um software de partilha encriptar os ficheiros utilizando uma chave partilhada pelos utilizadores. É o que acontece com as ligações seguras da Internet, ou com e-mails assinados.
Poderia continuar com mais argumentos, mas tentando não ser demasiado técnico, a minha opinião é esta: ou isto é mesmo brincadeira de 1 de Abril, ou o senhor não sabe bem o que está a dizer. Aguardemos.
3 Comentários a “Banha da cobra?”
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pelo que já li sobre isso eles n se vão dar a esse trabalho todo.
Com autorização das editoras eles próprios vão disponibilizar mp3 e afins e depois apanham quem lhes saca. Ilegal da parte deles? pelos vistos não.
Mas ilegal é também a margem de lucro das editoras. em 2006 ainda se pagar 4 contos por um cd ou um dvd??!!
Mas sou a favor de se acabar com esta ilegalidade toda da música.
O mercado legal crescerá, + empresas, + concorrência, preços + reduzidos (???) deixem-me crer!! seria bueno.
Mas ilegal é também a margem de lucro das editoras.
e distribuidoras, e revendedroas e os retalhistas...
Where did you find it? Interesting read »