Nada me move contra Margarida Rebelo Pinto. Nem a imbecilidade do seus escritos, nem o facto de ter vendido mais de 700 mil livros. Nem sequer me amofina a visão da autora, de tempos a tempos, a "explicar" a sua arte. Guardo este facto junto das impressões desagradáveis, como corrigir testes ou ver o homem do bolo rei na abertura do Telejornal. Mas passa-me.
Por isto tudo, nunca sequer me chegaria à massa cinzenta a ideia de ler a analisar os oito (oito???) livros da autora, e fazer desta análise um livro, como fez João Pedro George, primeiro no seu blog, e agora em livro, a sair na objecto cardíaco. Aliás, a própria existência de tal texto é para mim prova que o ócio é obra do diabo, e deixa-me a duvidar da boa saúde mental do autor.
Porém, saber que a Oficina do Livro interpôs, em seu nome e em nome da autora, uma providência cautelar para tentar impedir a distribuição do livro é, no mínimo, estúpido. E preocupa-me.
Preocupa-me porque, tanto quanto sei "Couves & Alforrecas, Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto" descorre sobre os escritos da autora, e não sobre ela própria. Da última vez que passei os olhos sobre a Constituição, ainda nada lá estava sobre a proibição do direito de crítica. E se a providência fosse obra da loiríssima criatura, ainda vá que não vá. Que seja uma editora a combater a distribuição de um livro deixa-me imensamente apreensivo. Se houver um juiz que consiga ver nisto pés e cabeça, ficarei não preocupado, mas aterrorizado. E não acredito que seja possível.
E entretanto, espero bem que o Jacob, "El Cagón" e o supra partidário não sejam assíduos dos blogs. É que eu não tenho massa para advogados.

3 Comentários a “Alforrecas e providências cautelares”

  1. # Blogger fernando_vilarinho

    acho que o + importante disto tudo é que com a Providência cautelar o livro vai ter + visibilidade e esta coisa de dizer "ela nem escreve bem, mas como é boa pessoa, tem boa imagem, não chateia muita gente, e sobretudo conhece muita gente do meio e não só, a gente até a consente no nosso círculo literário" ; se atenue e sirva de exemplo para outros.
    Já agora quantas vezes ela já foi aos programas do F. J. Viegas? Pelo menos sempre que lança um novo livro está lá batidinha...  

  2. # Blogger Cristina Caetano

    Alex,

    considero a censura um objecto da imbecilidade. Além disso esse hábito na nossa cultura da "simpatia eterna" ao amigo do amigo do amigo é irritante! A literatura merece "coisa" muito melhor do que esse tipo de acontecimento.  

  3. # Anonymous Anónimo

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