Existe uma grande vantagem em não acompanhar o percurso de algumas bandas em tempo real. Chama-se "catálogo". Em 2000, quando os Shellac lançaram "1000 hurts", eu tive alguma curiosidade em ouvir o novo trabalho de Steve Albini, mas ele foi ficando para trás nas prioridades, até que me esqueci deles.
A semana passada, ao pegar num álbum dos Big Black, lembrei-me dos Shellac, e eis-me com os três álbuns de estúdio à minha frente.
Já posso dizer sem problemas que os Shellac foram das melhores bandas rock dos anos 90. Em especial "1000 hurts" é fantástico. É um disco rock sem medo nenhum de soar a rock. É directo, é básico, e é incrivelmente poderoso. Desde o primeiro acorde de "Prayer to God", a guitarra e a voz de Albini avançam como um bulldozer. E nunca é óbvio, nem apaziguador. É um disco de raiva e de angústia. Completamente obrigatório.
E já que estamos numa de letras, "Prayer to God", a música que mais forte bateu nos últimos tempos na minha cabeça: "To the one true God above / here is my prayer / not the first you've heard / but the first I wrote / not the first, but the others were a long time ago/ There are two people here, and I want you to kill them. / Her - she can go quietly, by disease or a blow / to the base of her neck, where her necklaces close / where her garments come together / where I used to lay my face... / That's where you oughta kill her / in that particular place / Him - just fucking kill him, I don't care if it hurts / Yes I do, I want it to / fucking kill him / but first make him cry like a woman / (no particular woman) / let him hold out, hold back / (someone or other might come and fucking kill him). / Fucking kill him. / Kill him already, kill him. / Fucking kill him, fucking kill him, kill him already, kill him, just fucking kill him! / Amen"


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