Vocês sabem que nasci e vivi até aos 18 anos no Rio de Janeiro. Ontem, não sei bem porquê, lembrei-me que neste ano completam-se 10 anos sobre a morte de Renato Russo, e 20 sobre a edição de "Dois", um dos mais belos discos pop-depressivos que já ouvi. E chegou uma nostalgia imensa da minha adolescência, que vista agora, não só me parece ter passado noutro tempo, mas sim noutro universo.
Renato Russo era compositor/vocalista dos Legião Urbana, e foi para a minha geração o Ian Curtis e o Morrissey condensados num só. "Dois" é o 2º álbum da banda, e se quisermos, foi o nosso "Closer"/"The Queen is dead". Sem entrar em grandes descrições, vou utilizar uma frase que li há muito tempo: o segredo de Renato Russo era que não fazia canções para multidões, nem sequer para um grupo - cada canção era feita para uma só pessoa, e essa pessoa era eu.
É pena que no meio de tanta banalidade musical que chega do Brasil não tenha havido algum espaço para "Dois". Teria valido o esforço.
Deixo a letra de uma canção lindíssima, sobre o optimismo e a esperança. Eu comecei a aprender a tocar guitarra por culpa desta canção.
Renato, onde quer que estejas - urbana legio omnia vincit. Força sempre.

Tempo Perdido
Todos os dias quando acordo, Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo: Temos todo o tempo do mundo.

Todos os dias antes de dormir, Lembro e esqueço como foi o dia:
"Sempre em frente, Não temos tempo a perder".

Nosso suor sagrado É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério E selvagem.

Veja o sol dessa manhã tão cinza:
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos castanhos

Então me abraça forte
E me diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo:
Temos nosso próprio tempo.

Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas agora.
O que foi escondido é o que se escondeu
E o que foi prometido, ninguém prometeu,
Nem foi tempo perdido; Somos tão jovens.


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