No sábado fui votar. É verdade. Tenho as quotas em dia e votei convictamente em Manuela Ferreira Leite. Coerentemente fiquei contente com a vitória. E nenhuma análise, seja ela qual for, a desvalorizará. Para ganhar democraticamente basta um voto a mais.
Também parece evidente que existem algumas clivagens. Mas quem conhece intimamente o Partido sabe que este sempre viveu de profundos debates internos, precisamente por ser o mais interclassista dos Partidos Políticos portugueses.

Não ignoro que Ferreira Leite terá uma difícil tarefa pela frente. É necessário unir o partido em tempos de oposição ao Governo - e todos sabemos como o PSD convive mal com a falta de poder. Mas também é verdade que ganhou a única candidatura capaz de o fazer a curto prazo e Pedro Passos Coelho já deu um passo importante ao se disponibilizar para colaborar com Ferreira Leite.

Resta aguardar pelo congresso de Guimarães. Depois falaremos.

Quaisquer outras análises serão um misto de intencionalidade política e "wishful thinking".

2 Comentários a “Eleições no PSD II”

  1. # Blogger Alex

    "Quaisquer outras análises serão um misto de intencionalidade política e "wishful thinking"."?!? Um bocadinho arrogante, não sr. Leandro?
    Agora a sério, acho que se pode ler muita coisa neste semi-adormecimento pós-eleitoral. E não me parece que seja preciso esperar pelo congresso.
    E não estejas sempre a imaginar agendas secretas de cada vez que se fala do PSD, Leandro. Acredita - para mim o PSD é como o Benfica. Não gosto nada deles, mas se desaparecessem isto já não metia piada nenhuma ;)  

  2. # Blogger Leandro Covas

    Deixa lá. Já me acusaram de pior. Não se trata de arrogância mas da minha opinião. Apenas isso. Podes fazer as análises que quiseres e não precisas da autorização de ninguém para as fazeres. Eu até gosto de as ler porque dá-me uma perspectiva externa sobre as vivências do Partido. Mas também não te arrogues de ser aquilo que não és: descomprometido. Não se trata de "agendas secretas", mas apenas de dar nome aos bois. O politicamente correcto ficará para quem o apreciar. E, na minha opinião, quem desvaloriza a vitória de Manuela Ferreira Leite é porque a teme politicamente - basta ver o fez o PS ainda durante a campanha. Além disso, interessa a muita gente um PSD enfraquecido perante o eleitorado. E todos sabemos que, no mundo mediatizado de hoje, basta parecer para ser. Só depois do congresso e das sinergias que daí resultarão (ou não) é que se poderão tirar ilações que não sejam factual e politicamente dúbias. O PSD é uma família política heterogénea, com várias tendências que sempre souberam unir-se em torno de lideranças capazes e credíveis. O universo eleitoral de um Partido Político em nada se compara com o do país. Não existem clivagens ideológicas profundas ou irrecuperáveis pois as diferenças serão sempre formais e nunca materiais. Por isso manda a prudência que esperemos pelo congresso. Até tu terás de reconhecer que Portugal precisa de um PSD capaz e forte pois sem ele não haverá alternativa a curto prazo. Nenhum outro partido tem a base social de apoio que lhe permita ganhar eleições nacionais. E não digas que "entre um e outro venha o diabo e escolha". Uma má decisão nunca será boa só porque é "de esquerda".
    Mais uma coisa: nós dois somos ambos politicamente activos em campos opostos do espectro político. Desculpa que constate o óbvio: ambos temos as nossas agendas (ainda que não sejam secretas). Eu gosto de ser frontal e de não andar a pisar ovos. As coisas são assim mesmo. E ainda bem.
    Será arrogância? Talvez. Mas não perco sono com isso.
    Uma abraço.  

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