A polvorosa causada pelos sucessivos aumentos dos combustíveis, embora me esteja a tingir fortemente, não me pode deixar de fazer sorrir.
Afinal o marcado é sempre muito bonito quando se comporta como nós queremos, ou, pelo menos, quando as repercussões da especulação pura e dura em que se converteu o "negócio" da compra e venda de materiais essenciais não nos afectam directamente. Afinal até representantes da OPEP dizem-se surpreendidos por este cenário. Não tendo existido nenhuma catástrofe natural que atingisse os países produtores de petróleo, e num quadro de alguma acalmia na região do Médio Oriente, vejam lá que os preços do crude não param de bater recordes. Justificações? Só uma - é capitalismo. Selvajaria, especulação, aproveitamento? Escolham a que quiserem.
Todos sabemos que isto é sol de pouca dura. Os preços vão acabar por estabilizar num patamar altíssimo e irreal, e passados alguns meses já ninguém se há de lembrar dos dias turbulentos dos aumentos todas as semanas. E assim como neste período não vi qualquer medida extraordinário de incremento na pesquisa de carros eléctricos, ou movidos por combustíveis não-fósseis, havemos de continuar neste jogo de chuta-pra-frente até espremer a última gota de óleo das rochas. Pelo menos espero que este dia chegue antes do fim do planeta como o conhecemos, por aquecimento ou por absoluta falta de ar respirável.
Aquecem os motores para um boicote nos primeiros três dias de Junho. Eu não alinho, não só porque não teria qualquer efeito (já que eu nunca abasteço nas companhias atingidas), mas porque o meu boicote consubstancia-se na recusa do voto aos partidos que apoiam este estado de sítio em que vivemos ou que apoiam guerras pelo óleo.
Mas que tem alguma piada, lá isso tem. Apoiar guerras oleosas e pedir ao governo actual que baixe o imposto sobre combustíveis é surreal. Mas isso já serão contas de outro rosário.

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