"Jesus camp" retrata o quotidiano de um campo de férias bíblico para "evangelistas", como são retratados no filme algumas facções mais conservadoras dos protestantes norte-americanos. Além do campo de férias propriamente dito, são captados depoimentos de pais e membros da igreja, sobre a sua visão da vivência cristã. A contrabalançar está um locutor de rádio, que, no seu programa, avisa os ouvintes dos perigos e da ameça que ele julga que os Estados Unidos enfrentam, sob o domínio dos evangelistas.
O documentário mostra várias situações que eu já conhecia. Em alguns estados do Sul, as crianças estão a ser educadas, mesmo nas escolas públicas, sob uma visão teocentrista que é muito discutível, tanto pedagógica como cientificamente. Por exemplo, no Estado do Kansas os professores são obrigados a ensinar que a Teoria da Evolução das Espécies é tão válida como o Criacionismo, e que não existem provas definitivas da sua validade. No último ano, também está a ser transmitido aos miúdos que o aquecimento global é um mito que carace de confirmação científica.
O que eu não tinha tão presente é a vontade expressa pelos vários interlocutores do filme de tomar o poder de assalto, de criar uma teocracia cristã que se oponha aos infiéis. Durante o filme, a ideia de que existe uma guerra santa em curso é repetidamente veiculada, implícita, mas também muito explicitamente em certas passagens. E o alvo desta doutrinaçao são crianças, desde miúdos que não podem ter mais de 4 anos.
Como o filme não esteve nos cinemas (vi-o em DVD), coloquei dois excertos. É possível ver quase todo o filme no YouTube, se tiverem paciência, e claro, domínio da língua.
Este longo excerto corresponde aos primeiros dez minutos de filme, e na prática resume toda a acção. A "pregadora" das crianças mostra os seus dons e o resultado da sua retórica. Aviso que, a partir dos 4 minutos e meio de filme, as cenas são chocantes e incómodas.
Convém esclarecer que o filme é um documentário no verdadeiro sentido da palavra, ou seja, não emite qualquer opinião sobre as imegens. Não há narradores, e as poucas mesnagens escritas durante o filme só enqudram o contexto dos acontecimentos.
Se conseguirem ultrapassar o incómodo e a violência das imagens, este é um filme obrigatório. Eu acredito que as ideias e acções apresentadas não representam a maioria dos cristãos estadunidenses, sejam elels da direita conservadora ou não. Mas mesmo que só representem uma pequena parte, é tremendamente preocupante.
0 Comentários a “"Jesus camp"”