Hoje é dia de reflexão, mas não vou fazer campanha. Escusam de chamar a CNE.
Ainda ninguém sabe qual será o resultado do referendo de amanhã; só por si, este factor leva a duas conclusões: o tema continua a dividir fortemente as pessoas, e o debate não deve terminar depois de amanhã.
Hoje só quero dar a minha opinião sobre a campanha. Apesar de ter usado de golpes baixos, incluindo batota, a campanha do "não" ganhou. É verdade que o "não" tem uma campanha mais fácil - ninguém fica indiferente ao ponto de vista do feto que é abortado, e este é um grande argumento. A Igreja, felizmente, decidiu retirar-se da campanha, depois da trapalhada da pré-campanha, mas as cambalhotas da "descriminalização sem despenalização" serviram a causa da confusão. Mesmo assim, os vários "nãos" que foram sendo esgrimidos pareceram-me mais convincentes e mais agregadores. Além disso, a imagem dos independentes do "não" foi sempre mais suave aos olhos dos indecisos que as carantonhas dos políticos profissionais do "sim". Assim, até o PSD conseguirá passar ao lado de uma eventual derrota. Já o CDS não tem absolutamente nada a perder.
No lado do "sim", vi duas falhas. A falta de independentes - tirando os médicos pela escolha, nenhum grupo se destacou -, e a monotonia dos argumentos, repetidos até à exaustão. Se o "sim" vencer, será apesar da campanha, e um sinal inequívovo de que houve vontade popular de inverter os acontecimentos. Uma vitória do "não" ou da abstenção será um golpe incómodo, e um problema difícil de resolver - porque o que é que se vai fazer a seguir?

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