Se já leram / ouviram isto em outro lado qualquer, desculpem-me. Foram as impressões que me ficaram de ontem à noite, e que não ouvi ninguém comentar.
1. O "não" teve 1356754 votos em 1998. Ontem teve 1539078 votos, ou seja, mais 10%. Passou em claro a toda a gente que o "sim" só ganhou porque a abstenção foi muito menor. O que me sugere que, se a abstenção tivesse sido mais pequena em 1998, este referendo não teria existido.
2. Ridículo o cartaz do BE - "Bem vindos ao século XXI". Se tivesse ganho o "não", tínhamos recuado, Louçã? Ó, valha-nos Santa Ingrácia!
3. Quase tão ridículo foi o tom de tragédia nacional de Ribeiro e Castro. Se eu acreditasse que Ribeiro e Castro não sabe onde está e que pensasse que o aborto ia começar a ser praticado em Portugal hoje, metia-me pena. Como não acredito, nem isso.
4. Em simultâneo, todos os canais a repetir exaustivamente que "o CDS foi o único partido a apoiar o não". Repito, há aqui alguma coisa estranha; o PPM e o PNR não contam? Estes últimos, no seu site, afirmam hoje que «[o PNR] empenhou-se como pode nesta luta desigual, mesmo dentro do nosso campo – do "Não" – onde abundam pessoas que nos hostilizam, que fazem parte deste sistema e que dele vivem. São aqueles que vêem os defensores do “Sim” como "queridos amigos" e simples adversários e a nós, Nacionalistas, como “extremistas” e personas non gratas.». E se calhar até têm alguma razão.
5 . Legislativas 2005: PS - 45,03% + CDU - 7,54% + BE - 6,35% = 58,92%. Referendo 2007 - "Sim"- 59,25%. Coincidência?
6. Tem toda a razão o Leandro. Em 1998, o ônus de atacar o problema do aborto ilegal ficou com os partidários do "não". O CDS esteve no Governo e falhou este propósito. É legítimo pensar, até em termos políticos, que, falhada a promessa do "não", os partidários do "sim" tenham a sua hipótese de minorar o problema. Mas não seria este motivo suficiente para que Paulo Portas e Bagão Félix, ex-ministros, tivessem ficado fora da campanha?

1 Comentários a “Apontamentos soltos da noite do referendo”

  1. # Anonymous Anónimo

    O BLOCO é uma fraude. Estive lá 5 ANOS. E esta de Salvaterra de Magos? Onde estão os campeões da ética e da virtude quando os podres batem à porta. O Bloco é uma frente eleitoralista, nada tem a ver com os revolucionários e os anti-capitalistas da EUROPA e, sobretudo, da América Latina. Usam e abusam de figuras como o Che Guevara ou Marx apenas para consumo interno.

    António Pedro Ribeiro.  

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