A primeira sensação é de profundo alívio. Tínhamos esta carga sobre o corpo e precisávamos de nos livrar dela. Bem ou mal, já está feito.
O aborto é uma questão terrível e dolorosa, que provoca fissuras e ressentimentos na sociedade portuguesa. À primeira vista parece, por isso, que a ter levado a referendo foi um erro. Mas na minha opinião, e pensando melhor, julgo que as sociedades precisam destas terapias, deste exorcizar de demónios. É importante que venham à tona as forças mais ocultas que existem nelas e que, de certa forma, cada um transporta dentro de si.
Por outro lado, ninguém saiu desta campanha como entrou. Ninguém saiu dela sem ter percebido que esta questão é muito mais complexa do que à partida se julgaria, que há problemas e mais problemas por resolver. O referendo foi, assim, muito importante para esclarecer os portugueses (de um modo que nunca teria sido possível se a lei tivesse sido votada na Assembleia), com óbvios benefícios para a futura regulamentação.

Nota: foi também bonito ver boa gente de direita, muito conservadora, muito liberal, muito, enfim, a favor da privatização da saúde, aparecer com o fantasma das clínicas privadas. Pode ser que assim, por linhas travessas, entendam a importância de se ter um bom sistema de saúde público!

1 Comentários a “O referendo”

  1. # Blogger Cristina Caetano

    Oi Mário,
    gostei muito da frase em que dizes:"O aborto é uma questão terrível e dolorosa, que provoca fissuras e ressentimentos na sociedade portuguesa". Acrescentaria que afeta dolorosamente a mulher que o faz; esse é o ponto principal.
    Colocando religiosidades de lado, nunca me imaginei fazendo um aborto, mas qq mulher que o faça tem a minha total compreensão e apoio.
    abçs  

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