A questão das maternidades lembra-me a co-incineração. Sim senhor, está bem, desde que não seja ao pé da minha casa.
Os argumentos jogados contra e a favor da co-incineração pareceram-me todos lógicos. Isto é óbvio, já que sou um perfeito leigo na matéria. E por isso a solução da comissão de peritos chocou-me pela simplicidade e pela coerência. Afinal em Portugal haveríamos de resolver uma questão técnica com uma equipa de técnicos, e não de políticos. Mas depressa acordei para a realidade com as reacções ao relatório da comissão. Ninguém duvida da imparcialidade e da sapiência dos senhores doutores, mas, se fazem favor, levem o raio da co-incineradora lá para longe. Muitos saltaram neste comboio - até Manuel Alegre, numa intervenção particularmente infeliz - e as co-incineradoras ainda moram no papel. Enquanto isso, os resíduos tóxicos, que não esperam por decisões políticas para serem produzidos, continuam amontoados onde calha ou enviados para outros países a peso de ouro.
Queixam-se todos que os hospitais não têm meios e que os doentes são mal servidos. Queixam-se todos que o governo gasta dinheiro dos nossos impostos a mais. O governo leva adiante uma decisão para gastar menos. Aplausos, sim, mas só se não for a maternidade aqui ao pé de casa a fechar. Há maternidades a mais? Não sei, não percebo do assunto. Há meios suficientes em todas elas? Não. No hospital distrital de Braga, que serve grávidas de quase todo o distrito, só há anestesista a tempo inteiro há um mês, e porque foi encerrado outro serviço. Concordo que o critério do número de partos, por si só, pode não ser o melhor. Pôr esta questão em tribunal, ou decretar luto, como em Barcelos, que fica a 20 minutos de ambulância de Braga, não me soa a racional. Sol na eira e chuva no nabal? Era bom, era.

1 Comentários a “Not in my neighbourhood”

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    http://notancerca.blogspot.com/2006/07/video-la-incineraci-i-la-salut.html  

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