Caro Miguel Paiva, deixemos de parte a questão dos comentários. O blogue é seu, a opção é sua. Mas noto que o exemplo do Abrupto – na minha opinião, o melhor blogue português – não foi muito bem escolhido. O Pacheco Pereira é uma figura pública, e, como tal, teria muito a perder em abrir uma caixa de comentários. Adiante.

Confesso que ao ler a sua resposta tive voltar ao meu texto para ver se alguém tinha lá colocado alguma coisa sem eu saber. Vejamos, de onde é que tirou da cabeça que eu considerava que os quadros de excelência tinham «o perigo de causar graves prejuízos ao equilíbrio psicológico de quem ‘fica atrás’»? Repare que referiu por duas vezes que eu fiz esta afirmação, o que me deixou ainda mais intrigado. Se eu tivesse feito tal afirmação, então poderia passar-me um atestado de insanidade que eu não me importava.
Também não disse (nem nada que se aproxime) que os estes quadros incentivavam a existência de uma “coutada” de excelentes.
O que eu disse, sinteticamente, foi o seguinte:
1. O Quadro de Excelência é um instrumento inútil;
2. O Quadro de Excelência apenas promove a vaidade e a competição egoísta entre os melhores alunos.
Sobre estes pontos gostava de dizer mais algumas coisas para lhe responder.
Eu não abomino a competição, como também não a glorifico. Acho que ela tem tanto aspectos positivos como negativos. Mas não vejo, se quer que lhe diga, qual a necessidade de introduzir competição artificial entre os alunos, já que eles não estão a disputar nada entre si. Os alunos gostam de ser reconhecidos? Claro, mas para isso é que servem a avaliação e as notas. Ora, é aqui que as coisas começam por falhar, é na avaliação pouco exigente. E é por isso que eu afirmei que estes quadros servem como elemento compensador. É que parece que as notas não contam para nada e que por isso se tem de introduzir elementos paralelos de reconhecimento.
O sinal correcto que se deve dar aos alunos é o de que eles têm de se esforçar para serem bons, não para fazerem parte de um grupo de excelentes, mas porque isso é essencial para a sua formação, porque enquanto seres humanos têm um percurso de aprendizagem a realizar, porque enquanto indivíduos que pertencem a uma sociedade têm um contributo a dar para o seu desenvolvimento. E esse sinal não deve ser dado através da criação dos tais quadros de honra mas através da exigência do ensino. «É bom que percebam desde cedo que a cada momento nos devemos mover por metas e que é necessário lutar para as alcançar», afirma no seu texto. Exactamente, mas através de metas diárias, metas intrínsecas ao próprio processo de ensino.

2 Comentários a “Quadros de Excelência - II”

  1. # Blogger fernando_vilarinho

    3 ou 4 coisas básicas.

    Avaliar tem sempre componentes de subjectividade e de injustiça.
    Então em Portugal, aquelas típicas correcções de testes nas esplanadas, a ver a telenovela, de deixar pro filho corrigir uns testes da sua turma, de se ser um turbo-corrector, de não se rever no fim a correcção, até de somar mal os valores parcelares.
    Já vivi com outros professores e considero que o calcanhar de aquiles da classe é a avaliação dos alunos. Desde logo por ser pouco contínua e se concentrar nos testes. E os testes e a sua avaliação não são muito satisfatórios, regra geral. Já vi muitos e muitos excelentes profs nas aulas mas que dão testes execráveis em quase todos os aspectos.
    Por outro lado ter 19 em Humanisticas é regra geral é + dificil que em Ciências. Depois nas escolas grandes 1a turma pode apanhar no geral profs que favorecem nas notas e outra turma o invés.
    e haveria tt + pra dizer...  

  2. # Blogger fernando_vilarinho

    descobre aí os pinque feloide

    http://coisasdeoutrostempos.blogspot.com/  

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