Sou, de há uns 15 anos para cá, fã de Manoel de Oliveira. Mais ou menos desde que vi "A Divina Comédia" e "Non, ou a vã glória de mandar", que considero obras fantásticas. Desde então vi muitos filmes de Oliveira, que dividi em três categorias: as obras literárias em cinema, normalmente baseadas na obra e com argumento de Agustina Bessa-Luís, que não gosto; as comédias de costumes à Oliveira, que gosto muito; e aqueles filmes que ficam entre estes dois registos, e que saem por vezes bem, e outras vezes não.
"Espelho Mágico" entra nesta última categoria, embora seja baseado num livro de Agustina. E para que não restem dúvidas, é uma peça de teatro cinematográfica, monólogos, passagens de poesia e planos fixos e longos. Exactamente tudo aquilo que eu aprecio no cinema de Oliveira. Tem também um ritmo e uma magia contagiantes, que tornam ligeiras as 2h 15min que o filme toma.
Oliveira poderia com certeza ter tornado o filme ainda mais ágil, ao cortar algumas passagens menos interessantes. Como está, "Espelho Mágico" é um belo filme, cativante, nostálgico, por vezes sereno, mas acima, de tudo, cinema.
"Tudo o que não compreendemos, torna-se objecto de culto."
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