... cada um tem os seus! O Alexandre escreve aqui sobre a sua preocupação com os líderes da extrema-direita portuguesa. Eu partilho-a, embora com menos frenesim e alarmismo. Por várias razões: prius, porque estes senhores são vulgares criminosos encobertos por idealismos políticos; secundus, porque estes "líderes" não gozam de qualquer respeitabilidade ou credibilidade junto da sociedade; tertius, porque o espectro político português, pela sua composição maioritariamente de esquerda, não é nada favorável a extremismos de direita que não "pegarão de estaca" junto do eleitorado.
Algo diferente parecem-me ser os casos evidentes de extremismo de esquerda que por aí despoletam. Sendo certo que a moderação política tem-se imposto gradualmente desde o 25 de Abril, importa referir que existem na nossa sociedade, sob uma capa de respeitabilidade e de serviço à nação, as sementes deste extremismo - que, contrario senso, tem a seu favor tudo o que expus atrás.
Um colega meu, a quem agradeço a indicação, enviou-me um post do seu blog que me deixou pasmado e que não resisto a transcrever. Abstenho-me de adjectivar ou tecer quaisquer juízos de valor. Apenas digo isto: existem ainda feridas abertas na nossa sociedade a reclamar justiça.
O texto é o seguinte:

Carta do Alto-Comissário Rosa Coutinho dirigida ao presidente do MPLA, Agostinho Neto, em Dezembro de 1974:

"Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a construção daquela."

in "Holocausto em Angola" de Américo Cardoso Botelho (Edições Veja).

Confesso que me custa acreditar que o último Governador desta Província Ultramarina e membro da Junta Governativa de Angola escrevesse uma carta com este teor e esta linguagem (veja o original aqui). Por isso vou comprar o livro. A ser verdade, toda esta história tem contornos de escândalo e verdadeira limpeza étnica em nome de princípios políticos de extrema-esquerda. Pelo que me espanta o silêncio em torno desta polémica.

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