O que sei sobre a situação em Timor-Leste é apenas resultado da consulta superficial de alguns jornais nos últimos meses e alguns noticiários. Pouco para emitir uma opinião.
Assim, o que me causa mais perplexidade a seguir ao ataque a Ramos Horta e, aparentemente também a Xanana Gusmão, é a actuação das forças estrangeiras no país.
Já há muitos anos que andamos a enviar tropas de "manutenção de paz" ou "reforço de segurança" para muitos lados - Timor, Kosovo, Bósnia e mais. E estas tropas só têm sido notícias em três ocasiões: quando saem, quando chegam, ou quando fazem asneiras. Os incidentes que recordo são o da granada espoletada por descuido e os acidentes de viação que regularmente vão ferindo e matando militares.
Ora, da primeira vez em que me lembro de ter sido mesmo necessária a intervenção dos militares enviados, o que se passa? Nada. Não foram capazes de evitar que o Presidente da República de Timor fosse alvejado. E isto, por arrasto, levanta a pergunta - se não estão lá a guardar o PR e o Primeiro-Ministro, o que é que foram lá fazer?
O esforço financeiro a que estas tropas obrigam o país não é tão pequeno como isso. Se os resultados visíveis são estes, mas valia estarem quietinhos nos quarteis. Ou como já sugeriu um amigo meu, que lhes arranjem outras missões: compramos cem mil baralhos de cartas, mandamos esta gente toda para a floresta, e garanto eu, acabam os incêndios em Portugal!

2 Comentários a “Timor”

  1. # Blogger Leandro Covas

    Sim, claro, a GNR é o corpo de protecção diplomática. Não está lá para garantir a paz e ordem nas ruas de Dili. Não resgatou a família de Xanana.
    Tanto quanto saiba, a GNR não tinha por missão a protecção dos dirigentes timorenses, que tinham uma guarda pessoal própria. Além disso, foram eles que que provavelmente salvaram a vida ao primeiro-ministro.
    Eu sei que discordas politicamente da presença de militares nestas missões. Mas isso também não significa que possas menosprezar e diminuires o trabalho dos militares portugueses. Ainda que seja por estares mal informado.  

  2. # Anonymous Anónimo

    Acho este texto bastante infeliz, Alex. É óbvio que as notícias só são notícia quando alguma coisa corre mal, mas nunca se fala do trabalho diário de manutenção de paz. Tanto quanto sei no Kosovo, na Bósnia e mesmo em Timor as tropas portuguesas são muito bem vistas. Neste caso, ou estás bem informado ou então mais vale não teres opinião, porque tu não podes saber o que se passa no dia-a-dia para a manutenção da paz. Sabes lá quantas vezes a intervenção deles terá sido necessária. Tu dizes que só uma vez te lembras de ter sido necessária, mas isso foi porque correu mal e falou-se.
    Por fim, o que seria do Kosovo, de Timor e da Bósnia se não fossem as forças de intervenção, locais em que se cometeram genocídios? Achas mais importante os incêndios? Ora, eu acho que não. Entre prevenir incêndios e genocídios, eu acho hesito.  

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