Em fins de 92, parecia-me que tudo o que de mais interessante acontecia na música pop provinha de vertentes mais agressivas; as bandas a que eu habitualmente recorria tinham acabado (Pixies, My Bloody Valentine) ou passavam por fases menos interessantes (Sonic Youth). Preenchia eu os ouvidos com Ministry, Godflesh, Sepultura, Fudge Tunnel e outras sonoridades afins. Ameaçava tornar-me metaleiro de papel passado.
"Thunder perfect mind" foi um dos álbuns que me impediu de ir 'over the edge'. As intrincadas construções melódicas de David Tibet e companhia fazem tanto sentido agora, com a redescoberta do folk, como faziam há 12 anos. Mas Tibet acrescenta ainda a componente mística e intemporal que os Stevens, Banhart e outros não conseguem alcançar.
É curioso que tenho tanta admiração pela vertente musical de Tibet como incredulidade pelas trapalhadas pseudo-sobrenaturais com que se apresenta. Mas sem sombra de dúvida criou alguma da música mais inspiradora que conheço. Para mim foi o disco certo no lugar certo.
(publicado em 13/02/2005)
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