Vivemos numa pirâmide invertida e em época de egoísmos, individualismos e utilidades. A nossa esquerda, ainda ressacada da embriagues revolucionária, impõe-nos os seus virtuosismos ideológicos e desvaloriza a autoridade, seja ela qual for.
Os pais não exercem autoridade sobre os filhos. Não lhes impõem respeito ou valores, nem lhes dão educação, pois os igualitarismos contemporâneos exigem amizades e não paternalismos.
O cidadão comum é rápido a sacar dos seus direitos mas desconhece os seus deveres - tão pouco sabe o que isso é, como se a sua liberdade não sofresse os limites impostos pela liberdade alheia.
A polícia tem receio de usar a força física contra criminosos e delinquentes não vá algum deles filmar uma bastonada ou um pontapé bem dado que possa necessitar de inspecção. É preferível ir almoçar, deixar o crime acontecer e depois pedir com subserviência que os criminosos se identifiquem.
Os iluminados da circunstância nada contribuem para o reforço da autoridade do Estado. Não se investe condignamente nas forças policiais e nos tribunais. A politica para a justiça faz-se por decreto e não também com a adjudicação de meios.
E o curioso é que são aqueles que desbaratam a autoridade do Estado que depois exigem o intervencionismo controlador deste em áreas melhor deixadas à iniciativa privada.
Porquê este desabafo, perguntam. Porque ouvi o teor das declarações dos nossos ilustres parlamentares e do nosso MAI hoje na Assembleia da República.
E como, para mim, a palavra bastonada não é suja, devo ser, para muitos, reaccionário e fascista.
Assim seja.

3 Comentários a “Eu fascista me confesso...”

  1. # Anonymous Anónimo

    Leandro, o teu início do texto deixa-me perplexo. Vê como começas: «Vivemos numa pirâmide invertida e em época de egoísmos, individualismos e utilidades.» E logo a seguir referes: «A nossa esquerda... (blá, blá, blá)»
    O que queres dizer com isto? Que é a esquerda que é responsável por vivermos numa época de egoísmos, individualismos e utilidades? Fico na dúvida. Mas se sim, gostava de perceber qual a relação causa e efeito.
    Outra coisa que referes, com que até posso concordar, é a questão da autoridade. Existe de facto um problema com a autoridade e admito que isso tenha muito que ver com algumas ideias de esquerda. Mas também aí é preciso ter alguma cautela. Nesta época balnear a falta de notícias leva muitas vezes ao empolamento de temas secundários, normalmente ligados a assaltos a bombas de gasolina e afins. Normalmente, é a época em que a direita mais reaccionária costuma brilhar.
    É preciso ter muito cuidado com esse discurso do polícia vítima da brandura dos tempos. São inúmeros os exemplos de abuso da força por parte da polícia. Nem tanto ao mar nem tanto à terra.

    Mário Azevedo  

  2. # Blogger Leandro Covas

    Mário,

    Bem-vindo de volta.
    Algumas precisões: nem tudo é culpa da esquerda, nem, tão pouco, sei se é ela a principal culpada. Ser de esquerda (moderada) não é pecado e tem as suas virtudes. O que eu disse é que, sendo os tempos o que são, a esquerda portuguesa, com os seus complexos ideológicos, nada faz para os contrariar. Pelo contrário, facilita a erosão de valores ao minar a autoridade do Estado.
    Claro que temos de combater a violência policial. O que eu repugno é a presunção de culpa das forças policiais a funcionar nos julgamentos mediáticos e a desjudicialização destas questões. Espanta-me que a própria PSP se junte à caravana. Eu encaro as coisas desta forma: dou o benefício da dúvida às forças policiais. Não estabeleço qualquer presunção de culpa ou de inocência contra ou a favor dos polícias. E, se a isso fosse obrigado, presumiria sempre a sua inocência. Afinal de contas são os polícias que a troco de ninharias arriscam a vida para que eu possa andar nas ruas em segurança. Afinal de contas, a presunção de inocência é um dos principais princípios do nosso processo penal (e do nosso Estado de Direito Democrático).
    Um abraço.  

  3. # Blogger Leandro Covas

    Mário,
    Só mais uma constatação (que me pareceu óbvia na altura): elenquei no meu texto um conjunto de factos sem procurar estabelecer entre eles qualquer relação de causalidade. Apontam todos no mesmo sentido. Tão só.  

Enviar um comentário

Procura



XML