Deve ser incómodo para quem andou a atirar durante os últimos anos que o BE não tinha vontade, vocação ou ambos para governar, que Sá Fernandes tenha aceite ingressar no executivo de António Costa em Lisboa. Não porque a gestão camarária do pelouro do Ambiente seja por si só importante ou reveladora seja lá do que for, mas por uma questão de princípios. Afinal o BE, se as condições de concertação forem satisfeitas, mostra que também quer governar.
Eu sempre defendi que a gestão das Câmaras Municipais não tem rigosrosamente nada a ver com as grandes questões ideológicas que definem os partidos políticos. Por isso mesmo, penso que esta aliança PS-BE na capital não deve ser extrapolada para nenhum cenário nacional. De uma coisa tenho a certeza, porém. O vereador do Ambiente de uma autarquia portuguesa nunca foi vigiado pela Comunicação Social como será o lisboeta. E será notícia de 1ª página se meter água.
4 Comentários a “BE na capital”
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aí está um tipo de cooperação que os lisboetas só podem agradecer e que mostra que Sá Fernandes está sobretudo preocupado com o desenvolvimento de Lisboa. seria muito mais fácil para ele estar de fora.
O Sá Fernandes tem sido um crítico útil embora, por vezes exagerado e com preocupação de ser espectacular. Agora é ele que está sujeito a críticas. Não vai ser fácil para ele, porque fazer bem é mais difícil do que dizer mal dos outros,.
Oxalá lhe corra bem o pelouro, para bem dos lisboetas e de Portugal.
Abraço
Do Miradouro
Meus amigos,
Contrariando, ao que parece, o entusiasmo geral, digo-lhes, desde já, que esta coligação tem todos os ingredientes para ser um desastre. À semelhança do anterior acordo PSD e PP. Isto pelo carácter imprevisível de Sá Fernandes que, no passado, demonstrou que tem uma agenda pessoal insondável que pouco tem a ver com o interesse de Lisboa. Os lisboetas não se esquecerão que penalizaram este empata-fod..., digo, empata-túneis nas últimas eleições e que o vêem agora ser premiado, por interesses pontuais de táctica política, a um estatuto que não alcançou por si mesmo (nem que fosse só pelo reconhecimento eleitoral das suas políticas - o que não aconteceu, pelo contrário).
Costa cedeu mais do que deveria, o que revela a sua predisposição para, ou ignorar o seu parceiro de coligação ou arranjar o álibi perfeito para justificar, a) a não realização de quaisquer obras neste mandato (dedicado a "alterar as políticas" - seja lá isso o que for porque Costa ideias concretas não tem) e b) o alterar e o cancelar de projectos em curso por força destas novas políticas de inspiração Sá fernandiana.
Por último, uma provocação amigável para o Mário: compreendo o teu embaraço, mas podias ter respondido à boca do Alexandre (da vocação não governativa do BE) com algo mais do que um sorriso amarelo e argumentos politicamente correctos. "Don't ask, don't tell"; "nunca digas desta água não beberei", etc e tal.
Até que não te contorceste mal. Demonstraste alguma técnica :)))
Leandro,
Se a provocação era para mim, o Alexandre atirou ao lado. Parece-me que existe uma diferença enorme entre a governação das câmaras e a governação do país. Aliás, a CDU tem várias câmaras e até já governou em coligação em Lisboa. Não me parece contudo (tal como o BE) que tenha qualquer vocação para o executivo nacional.