Anti-Exame #1 - A avaliação externa por Exames estorva e desvaloriza a avaliação contínua e o trabalho de projecto.
A minha objecção de princípio aos Exames Nacionais é que defendo que a melhor forma de avaliar alunos e professores na escola passa pela avaliação formativa e contínua. Para os alunos, porque é uma avaliação que não se encerra em si própria e não se prende só com objectivos mensuráveis. Para o professor, porque o responsabiliza imediatamente pelo trabalho directo com os alunos. Não há avaliação melhor para um professor do que observar os recursos que foram utilizados durante as suas aulas (e já agora, fora delas). Sejam os instrumentos o caderno diário, as apresentações, os textos de apoio, as actividades. A avaliação no final do processo penaliza o trabalho de grupo, a cooperação e a aprendizagem pela descoberta. Valoriza a memorização, a mecanização de processos e o conhecimento pelo conhecimento, mesmo sem aplicação prática.
A minha grande descoberta como pedagogo nos últimos anos foi o poder do trabalho de projecto sobre as aprendizagens desenvolvidas. No trabalho de projecto, o professor abandona o centro da acção, deixando este lugar para o aluno e para as ferramentas e temas que o aluno deve descobrir. As tarefas deixam de ser abstracções compiladas mais ou menos ao acaso para serem direccionadas para um fim real e definido com rigor.
Dirão alguns: "não foi assim que eu aprendi e no entanto, aqui estou". E é verdade. Mas o mundo há 30 anos não tinha Internet nem 50 canais de televisão á escolha. E quase todos eles mais interessantes que os manuais de Geografia.
O Ministério já deu algumas indicações de que, a exemplo dos nossos congéneres escandinavos (como a Finlândia que Sócrates tanto aprecia) o trabalho de projecto é o caminho a seguir. Então até temos uma disciplina de Área de Projecto no 12º ano. Mas ao mesmo tempo, criam-se exames no 9º ano, vêm os do 6º ano e já não tardam os da 4ª classe. E ficamos a pensar para que lado é que nos viramos. (continua)
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