Eu não tenho dúvidas nenhumas de que vamos ter referendo ao futuro Tratado de Lisboa. Sócrates e Cavaco estão a tentar evitá-lo, atirando a decisão para Outubro, de modo a ver qual a reacção, mas a pressão vai ser enorme.
É importante, contudo, perceber a estrutura mental destes dois políticos portugueses, o modo estropiado como eles entendem a democracia. De Cavaco, eu nunca tive esperança alguma (é preciso recordar o que aconteceu aquando da ratificação Tratado de Maastricht); o que me incomoda é ver como Sócrates vai gradualmente seguindo os passos (e os erros) de Cavaco: a arrogância, a intolerância perante os que dele discordam, a tentativa de controlar (ou pelo menos cercear) a comunicação social. Felizmente, houve duas coisas que mudaram desde as maiorias de Cavaco. Agora, a deconfiança em relação aos políticos é muito maior (o que não admira); e a opinião pública é muito menos controlável, sobretudo devido ao papel dos blogues. O caso da OTA é paradigmático; foi a sociedade civil que obrigou o Governo a recuar.