Sobre a OTA confesso que não consigo ter uma opinião muito segura. Tudo o que posso fazer é ouvir e ler o que dizem as partes em confronto e tirar ilações a partir da razoabilidade dos argumentos. Ora, é exactamente aqui que as coisas se complicam porque parece que esta é uma discussão de surdos em que cada um apresenta os seus pontos de vista sem contradizer nem responder aos opositores. E isto é muito mais verdade em relação ao Governo. No último debate na Assembleia da República, o primeiro-ministro teve a mais constrangedora postura perante as intervenções dos deputados da oposição. O auge dessa postura foi a resposta que deu a Paulo Portas. O líder do CDS colocou um conjunto de questões que me pareceram muito pertinentes sobre os custos da OTA e sobre a viabilidade da Portela. E qual foi a resposta de Sócrates? Disse-lhe que se estivesse mesmo interessado em saber esses custos então que tivesse perguntado aos ministros das obras públicas na altura em que ele fazia parte do Governo.
Vamos ser francos, é uma reposta excelente para a retórica parlamentar, mas para mim, enquanto cidadão, que estou interessado em tomar uma posição sobre o assunto, valeu zero. Fiquei na mesma. Pior, fiquei com a impressão de que Sócrates não só está mal documentado sobre o assunto, como anda a esconder o jogo. Quanto mais informação omite, maior é esta impressão e, por isso, mais eu tendo a opor-me à construção do aeroporto. Parece-me, de facto, que há interesses obscuros nisto tudo. Aliás, talvez sejam esses interesses que justifiquem a posição contraditória do PSD. Enquanto Governo, a favor; na oposição, contra.
Cavaco tem uma palavra a dizer; espero que a saiba utilizar.

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