Vi um bocado do concerto dos Linking Park no Oeiras Live, cortesia da SIC Radical. Acabou há menos de uma hora.

O concerto em si não foi nada de especial, nem os Linking Park são uma banda que me emocione particularmente, mas chamou-me a atenção um a cena: durante a actuação os músicas fartaram-se de elogiar o público e faziam insistentemente sinais uns para os outros a chamar a atenção para este ou aquele detalhe da entrega da audiência. Quase ao fim, o vocalista-mor (acho que se chama Chester) até declarou que "this is one of the best fucking crowd, if not the best fucking crowd we ever had". Eu só lhe dizia: "filho, tu não viste nada. Se fosse há 15 anos, até pinchavas daí, carago".

É muito curiosa esta relação entre os músicos que nos visitam e o público. Quase invariavelmente, a reacção das bandas é de surpresa pela "performance" da malta. Isto não é de hoje, e até gente muito insuspeita (como os Ratos de Porão, por exemplo) já o afirmaram. Mas, se é assim agora, lembram-se há 15 ou 20 anos.

Eu lembro-me de dois episódios incríveis. Um foi a destruição do Teatro Sá da Bandeira, no Porto, na passagem dos Young Gods, em 92. Quando ecoaram os acordes de "Longue Route", aquilo era cadeiras, sapatos, gente, tudo pelo ar. Era uma mistura de punks, metaleiros, betos, dreads e sei lá mais o quê. Foi qualquer coisa que nunca mais vi. Outro foi na Póvoa de Varzim, num concerto com o Francesco di Napoli (ajuda-me Mário, foi em 89, certo?). Veio de tudo, até a punkalhada de Doc Martens, que levantou tanto pó e fez tanto barulho que até o coitado do di Napoli queixou-se que "aqui à frente, românticos, lá trás, no românticos". Para quem é mais novo e não presenciou estas cenas, é verdade; bastava soarem uns sons e ia tudo atrás.

E os Linking Park nem cabeças de cartaz eram.