O caos que grassa no CDS não tem exactamente a ver com divergências políticas ou estratégicas. É muito mais que isso.

O caso é que a campanha para as Legislativas 2009, por força das circuntâncias especiais que vivemos, vai ter de começar muito mais cedo que o habitual. Agora que Sócrates completou metade do mandato, penso que nunca houve uma maioria absoluta tão anunciada quanto a próxima. Vários factores predispõem-na. O invulgar "alinhamento" entre o Governo e o Presidente da República; a colaboração de uma vasta franja da comunicação social, manifestamente disposta a servir de veículo de propaganda governamental; os sucessivos casos na justiça, que têm desviado uma grande parte da atenção da populaça; e, talvez o mais importante, a capacidade que Sócrates tem demonstrado para se desmarcar das trapalhadas de alguns ministros, e de não dar a cara pessoalmente pelas decisões mais impopulares. O resto da cartilha é bem conhecido: 2007 é mais um ano de apertos, para que em 2008 inicie a campanha eleitoral do Engenheiro, com umas baldas e benesses bem calculadas. Não tem nada que saber.

Perante este quadro, os partidos da oposição são obrigados a dar muita corda aos sapatos, e a começar o combate mais cedo. Portas não perdeu tempo, mas no PSD a matança não se adivinha menos sangrenta. Manuela Ferreira Leite, há uma semana, chamou "irresponsável" a Marques Mendes, e hoje Santana Lopes declara-se "disponível". Começam-se a contar as espingardas e a época de caça está aberta.