Duas notícias, publicadas em dias consecutivos, dão muito que pensar. Ou talvez não, dependendo do ponto de vista.
A primeira, num plano teórico, deveria ser devastadora. Um alto funcionário das Nações Unidas, nomeado pela instituição inspector para um tema tão sério quanto as armas d destruição maciça de um país que foi invadido e arrasado, acusa os invasores de mentir e manipular para provocar a invasão. Repito, num plano teórico, se houvesse ordem ou justiça internacional, o destino de Bush e Blair não poderia deixar de ser o Tribunal de Haia. O simples facto desta notícia ter passado quase despercebida diz muito mais que muitas horas de debate no plenário da ONU.
A segunda, embora não directamente relacionada, dá bem conta da impunidade com que passeiam os terrorristas de Estado. Blair conseguiu luz verde para renovar (reforçar?) o arsenal nuclear britânico, num desafio aberto e indiscutível ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Ora, se isto não dá inteira cobertura às posições do Irão e da Coreia do Norte, é porque já nem a lógica resiste à Nova Ordem Mundial. Ou então está tudo tolo. Já disse aqui e volto a dizer. Qualquer país do Médio Oriente ou que não esteja alinhado com a agenda neo-liberal só se pode defender do terrorismo de Estado com armas de destruição maciça. Não o fazer é abrir a porta dos fundos para a perda de soberania imediata.

2 Comentários a “Os eixos do mesmo, mas mesmo, mal”

  1. # Blogger Leandro Covas

    Alex,

    Coloco reservas quanto ao primeiro ponto.
    Discordo em absoluto e com veemência do segundo. Continuas a meter tudo dentro do mesmo saco e revelas preocupantes disfunções ideológicas (agenda neo-liberal?!? Porra!) sobre o teu pensamento. Desculpa que te diga, mas és indigno desta afirmação: "Qualquer país do Médio Oriente ou que não esteja alinhado com a agenda neo-liberal só se pode defender do terrorismo de Estado com armas de destruição maciça. Não o fazer é abrir a porta dos fundos para a perda de soberania imediata."
    Ela tem mais buracos do que um passador.Defendê-la é defender a proliferação de armas nucleares a Estados completamente alheados do Direito Internacional.
    Nesta matéria, definitivamente, concordo em discordar contigo. Até porque já discutimos até à exaustão este assunto.  

  2. # Blogger Alex

    Leandro,
    Gostei da tua colocação de "reservas" no 1º ponto. Não sei que reservas serão, mas tens alguma dúvida da ilegalidade da invasão?
    Eu sou culpado de duas coisas: utilizar um jargão já muito gasto (a "agenda neo-liberal") e ter uma posição provocadora. Quanto à primeira, desculpo-me; mas ver a Europa humanista de espinha tão dobrada que já não é capaz de olhar olhos nos olhos com os Estados Unidos desgosta-me. Tu podes avançar com argumentos, mas eu respondo com Chile, Nicarágua, Afeganistão e Iraque. Por mim já chega de tanta passividade.
    Eu acho estás também um bocado a fazer o jogo do faz-de-conta. Quando falas de defender a proliferação de armas nucleares a Estados alheados do Direito Internacional eu não percebo bem a separação. Então os Estados que não estão "alheados" podem fazer como bem entendem? As armas nucleares da Coreia do Norte são mais perigosas que as israelitas? Para quem?  

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