O post que escrevi no sábado reflectia um pouco sobre a politização excessiva que o referendo está a assumir, e que eu penso não serem benéficas para o esclarecimento.
Mas ontem custou-me um bocado ver as imagens da "Caminhada pela vida". Enquanto os dirigentes do PP caminhavam descontraidamente pelo meio da multidão, os desgraçados do PNR, que andaram toda a semana a angariar gente, a colar cartazes e a espalhar em tudo que era blog que a caminhada existia, foram remetidos para o fim do pelotão e com escolta policial?
Eu estou como o prof. Marcelo - "assim não". Eu não estou a perceber o problema dos partidários do não em alinhar com os apoiantes do PNR e do PNP, da mesma forma que vejo com preocupação que o PS, o PCP e o BE queiram fazer campanhas separadas. Se o referendo só tem duas escolhas possíveis, para quê tanto separatismo?

8 Comentários a “Não se faz”

  1. # Blogger Leandro Covas

    Porque podemos defender a mesma posição por razões muito diferentes e por razões, infelizmente, muito erradas...  

  2. # Blogger Alex

    A minha pergunta não é ingénua, Leandro? Aliás, sabemos todos também muito bem porque é que os partidos da extrema-direita estão tão ávidos por participar nesta causa. E não é por causa da defesa dos direitos do feto.
    O que eu estou a pôr em causa é a motivação de alguns segmentos da comunicação social e dos movimentos do não. Então querem que o PNR ajude a arrebanhar votos e depois metem-nos lá para a cauda da festa? Vamos a ver que a Helena Pinto ainda tem alguma razão?  

  3. # Blogger Leandro Covas

    Se assim é, então digo o seguinte: esses segmentos da comunicação social e movimentos do "não" são iguais ao PNR. Quem lida com porcos suja-se como eles.
    Com a esquerda, o problema é igual mas mais atenuado por malabarismos de imagem política. A extrema esquerda, igualmente perigosa e subversiva, lavou a cara ao juntar bandeiras numa só - O Bloco de Esquerda. Aliás, à semelhança do PCP, ups, digo CDU. A memória infelizmente é curta. Daí a esquerda estar também dividida. Como aliás esteve durante as presidenciais.  

  4. # Blogger Mário Azevedo

    Leandro, há aí qualquer tentativa para comparar o Bloco de Esquerda ao PNR? Não sei, apeteceu-me perguntar... Já agora, que esquerda é essa, em Portugal, perigosa e subversiva? Confesso que não conheço.  

  5. # Blogger Leandro Covas

    Caro Mário,

    Não existe comparação possível entre o PNR e o Bloco de Esquerda. São diametralmente opostos. Pessoalmente, e portanto não espero que a partilhes, tenho uma forte suspeição que todos os Partidos que referi vivem em democracia, aplaudem as suas virtudes porque dela dependem para existir, mas desejam que assim não fosse. Eu não me esqueço do papel do PCP no PREC. Não me esqueço do papel dos partidos de extrema esquerda durante esse período de conturbação revolucionária e terrorista. Não me esqueço das ocupações e da reforma agrária. Não me esqueço do apoio recente do PCP a forças terroristas colombianas e ao regime ditatorial de Cuba. E também não me esqueço do papel desempenhado pelas forças de extrema direita no terrorismo em Portugal . De nada disto eu me esqueço. Até porque tenho um permanente avivar de memória com o que se passa com Chavez na Venezuela. E para não cair na tentação dos venezuelanos, convém não esquecer a história. Assim como não convém branquear o regime de Salazar. Apenas para evitar ciclos históricos. O extremismo (seja de esquerda ou direita) enerva-me e deixa-me desconfiado. Talvez seja só defeito de carácter, sei lá.
    Um abraço.  

  6. # Blogger Mário Azevedo

    Primeiro, agora deixaste de falar no Bloco de Esquerda, e passaste só a falar do Partido Comunista, o que não deixa de ser significativo (até porque nunca vi nenhum bloquista defender Cuba ou os terrorristas da Colômbia, ou ainda qualquer outro país onde não haja democracia).
    Segundo, há obviamente diferenças entre os partidos de extrema esquerda (actuais) e os de estrema direita. eu nunca vi os bloquistas ou comunistas defenderem ideias que põem em causa os direitos humanos, ideias racistas por exemplo. eles podem estar errados nas suas concepções, mas isso é outra coisa.
    faço-te uma pergunta: se te aparecer pela frente um comunista (ou bloquista) e um fascista de qual deles tens mais medo? conseguirás ser amigo de alguém que se afirme fascista? duvido. já, por exemplo, de bloquistas não terás grandes problemas, pois és amigo do Alexandre que vota BE.  

  7. # Blogger Leandro Covas

    Mário,

    Se repareres bem eu não deixei de falar no bloco de esquerda. Apenas lhe fiz referência no singular (ie. os pequenos partidos de extrema-esquerda que compôem o actual Bloco).
    "eu nunca vi os bloquistas ou comunistas defenderem ideias que põem em causa os direitos humanos". Vejo que as aparências iludem. Os Partidos que referi falam, e bem, de Guantanamo e depois apoiam regimes ondes os direitos humanos são violados com a mesma propriedade de Salazar. Porque é que existe dois pesos e duas medidas?
    Por outro lado, eu não tenho medo do PCP ou do Bloco de Esqueda. Desconfio das suas posições extremadas e do seu comportamento putativo caso algum dia chegassem ao poder. Estou no meu direito.
    Quanto a amizades: as questões políticas nunca me forjaram as amizades. Eu não sei se o Alexandre vota BE, nem quero saber. A minha amizade com ele assenta em traços de carácter e personalidade. E, como tal, sei que ele seria o primeiro a opôr-se a um regime de extrema-esquerda em Portugal. E isso basta-me.  

  8. # Blogger Mário Azevedo

    Leandro, mais uma vez: nunca conheci nenhum bloquista que apoie regimes onde os direitos humanos são violados (comunistas, sim, e acho bem que apontes essa contradição). Por isso é que te estou a dizer desde o início que é absurdo comparares o PNR ao BE. Os bloquistas podem estar errados (e eu acho que sim), Deus nos livre de um dia chegarem ao poder, mas defendem ideias que não põem em causa os valores essenciais da democracia e da liberdade.
    Quando ao resto, um abraço. Temos um dia de nos encontrar para falarmos sobre tudo isto.  

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