Hoje não estou em Lisboa a marchar. Poderia, e talvez até deveria, ter ido. Mas confesso que nunca me senti tão dividido sobre a direcção que a minha carreira deveria levar como agora.
O meu problema é que, na minha óptica, todos e ninguém têm razão.
O governo Sócrates fez um diagnóstico: gasta-se demasiado dinheiro com os professores. Todo o estatuto da carreira docente foi construído à volta deste diagnóstico. Não existe uma única alteração no documento que tenha a ver com a qualidade do ensino. São todas medidas economicistas. Mas estou inclinado a dar-lhes razão. Parece-me que se gasta mesmo demasiado para os resultados que são obtidos. A solução que o executivo engendra passa por poupar, e possivelmente preparar a privatização do ensino não-superior.
Do outro lado, estão os sindicatos. Que nunca, nos anos em que sou profissional, defenderam os profissionais a sério. Que, pelo contrário, têm dado toda a cobertura aos maus professores. E que, ainda agora, não pretendem que o mérito do trabalho do professor seja levado em conta na sua progressão na carreira. Mas que reconhecem, tal como eu, que as intenções do documento passam ao lado dos alunos, que deveriam ser a principal fonte de preocupações para os dois lados.
E os alunos, nesta discussão, continuam a ser figurantes. Por isso, não marcho.

2 Comentários a “A marcha dos professores”

  1. # Blogger Leandro Covas

    Ora, aqui está um exemplo de clarividência... Concordo em absoluto.  

  2. # Anonymous Anónimo

    Como todos sempre foram tratados por igual (mal), agora também todos pagam a preguiça e a incompetência.
    E os sindicatos de professores apresentam três curiosidades notáveis: há tantos quantos os professores (parece que é uma actividade lucrativa); protegem aqueles que precisam de protecção (os preguiços e os incompetentes) e os seus líderes são-no há dezenas de anos.  

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