Algumas más notícias chegam com uma aura de previsibilidade. Os testes nucleares da Coreia do Norte é uma destas.
Na minha opinião, os testes norte-coreanos são péssimos, mas normais. Coloquemo-nos na situação de árbitros imparciais. Os coreanos têm ou não motivos para recear pela sua soberania? Existem ou não antecedentes de testes não autorizados e repudiados pela comunidade internacional, mas em relação aos quais nada se fez?
A resposta, nos dois casos, é sim. Se a primeira pergunta é obviamente respondida pelos exemplos do Afeganistão ou do Iraque, pode ser que muitos já se tenham esquecido de Mururoa, mas foi há apenas dez anos. Ou dos testes chineses, que nunca foram assumidos, mas que todos sabemos terem existido.
E o que dizem dos Estados Unidos e Israel (entre outros) não terem até agora ratificado o Tratado de Cessação de Testes Nucleares?
Como se costuma dizer, ou há moralidade, ou comem todos.

5 Comentários a “Coreia do Norte”

  1. # Blogger Marco Aurélio

    Alex

    Sabe a razão do cover do Hitler estadunidense não invadir a coréia do Norte? Os norte-americanas sabem que eles tem armas atômicas, 20 instalações nucleares, entre 2.500 e 5.000 toneladas de armas químicas e dez tipos armas bacteriológicas. Ao contrário das armas fictícias que serviram de pretexto para a invasão Iraque os coreanos tem armas de verdade. Vai lá cawboy. Vá tirar onda com os olhinhos puxados para ver!

    Um abraço

    Marco Aurélio  

  2. # Blogger Leandro Covas

    Alexandre,

    Concordo com a tua posição de princípio. Infelizmente, nada é hoje a preto e branco mas em variados tons de cinzento. A arma nuclear vive do equilíbrio estratégico de forças. O mundo tem evitado a sua utilização após a 2.ª guerra precisamente por existir equilibro estratégico entre as potências nucleares. A única vez que houve uma tentativa de desiquilibrar a balança foi com o armamento nuclear de Cuba e o mundo viu-se às portas da destruição.
    A capacidade nuclear da Coreia do Norte e do Irão provocam novos desequilíbrios e perigos regionais. E não podemos por todas as potências nucleares dentro do mesmo saco. Uma Coreia do Norte "nuclear" implicará uma Coreia do Sul "nuclear" e um Japão "nuclear". Um Japão "nuclear" trará novas rivalidades entre o Japão e a China... A bola de neve crescerá. Por isto tudo, compreendo perfeitamente que Israel e os Estados Unidos não tenham assinado o referido tratado. Para quê assinar um tratado para depois ter de o violar afim de se armar (Israel) ou armar outros (no caso dos Estados Unidos ter de armar a Coreia do Sul com armas nucleares).
    O problema "nuclear" do Irão e da Coreia do Norte não é um de moral, mas sim de perigosidade e de proliferação deste tipo de armas. Enfim, de insegurança exponêncial.
    Um abraço.  

  3. # Blogger Alex

    Viva, Leandro,
    É verdade que os programas nucleares iraniano e norte-coreano são potencialmente mais perigosos para nós do que os de Israel. Mas aí é que está o busílis da questão: são perigosos para nós. E para os iranianos? E para os sírios?
    É evidente que assumimos uma visão eurocêntrica nestas questões, mas uma perspectiva global do problema passa também por encarar outros pontos de vista. E a minha questão final não era do ponto de vista moral: quem é que afinal decide se as armas nucleares do país A são piores que a do país B? Queremos escolher entre o Paquistão e a Índia, por exemplo?
    E o nosso colega de blogue colocou uma questão aqui em cima que é pertinente e que eu já tinha posto: se o Iraque tivesse armas nucleares teria sido invadido como foi?
    Mas é claro que na questão de fundo tens razão. O grupo de países "nucleares" deveria ser diminuído, não alargado.  

  4. # Blogger Leandro Covas

    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.  

  5. # Blogger Leandro Covas

    Alex,

    Aceito e compreendo os teus argumentos. Não concordo é com a posição de "árbitro" imparcial em que te colocas. Compreendo que o faças como mero exercício teórico ou intelectual e, enquanto posição de princípio, concordo com as tuas conclusões. O que eu quis dizer é que os Estados são comunidades soberanas que estabelecem relações recíprocas em génese semelhantes às estabelecidas entre indivíduos. Nas nossas relações pessoais e sociais teremos certamente indivíduos com personalidades mais "razoáveis" e menos conflituosas do que outros, existem indivíduos que se recusam a respeitar o mínimo ético da nossa sociedade, perigando a sua existência, pelo que reagimos criminalmente contra eles. Se transpuseres isto para a comunidade internacional, verificarás certamente semelhanças mas com uma agravante: a existência de uma ordem jurídica menos estruturada e eficaz (por o uso da força jurídica significar, em última análise, força militar).
    Todos nós, nas nossas relações pessoais e sociais, poderemos fazer um esforço maior ou menor para compreender a posição dos outros. Mas, no final de contas, todos decidiremos em prol dos nossos interesses e das nossas ideias. O mesmo se passa com a comunidade internacional.
    Perguntas se o Iraque teria sido invadido se tivesse armas nucleares, respondo que não. Mas deixa-me por a questão de outra forma: será que terias hoje um Kuwait independente com um Iraque nuclear? Terás maiores ou menores violações dos direitos humanos com um Irão e uma Coreia do Norte nuclear? Não achas que o armamento nuclear de um país é uma forma de este se blindar contra o direito internacional? Não achas estranho que sejam países como o Irão e a Coreia do Norte que procurem, activamente e no nosso actual contexto histórico, este tipo de armas?
    A minha questão é que não podemos assumir seriamente posições de imparcialidade nesta questão. Mais cedo ou mais tarde teremos de tomar uma posição que defenda os nossos interesses. E eu compreendo os interesses da Coreia do Norte e do Irão e afirmo que estes não podem passar pela intenção de se blindarem contra o direito internacional mas em serem comunidades respeitadoras dessa mesma ordem juridica. O contrário seria, por absurdo, aceitar que o vulgar assasino possa arranjar uma bomba nuclear para se proteger da polícia e dos Tribunais.
    Um abraço.  

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