Estou mais do que nunca optimista quanto ao conflito israelo-palestiniano, julgo que a comunidade internacional, sobretudo os Estados Unidos, resolveu pôr um ponto final nesta questão e está a dar os passos certos, pressionando ambas as partes do conflito. A vitória do Hamas poderá parecer um mau sinal — e é óbvio que à partida teria sido melhor que ganhasse a Fatah —, mas ela apresenta aspectos positivos. Por um lado, é sinal de que a democracia funcionou, permitindo a alternância no poder, ao contrário do que acontece em muitos países, onde apesar de haver eleições ganham sempre os mesmos — o que dá inevitavelmente a ideia, mesmo que errada, de fraude. Esta alternância resultou do voto de protesto contra a corrupção na Fatah, o que não deixa de revelar maturidade política. Por outro lado, vai obrigar o grupo radical a vir para a mesa das negociações. É certo que o Hamas continua a negar negociar com Israel e a dizer que não aceita discutir com a União Europeia e com os EUA na base de condições impostas, mas a verdade é que sem eles nunca poderá resolver os problemas internos da Autoridade Palestiniana. Como dizia o famoso escritor israelita Amós Oz, na entrevista que deu à Pública, como é que o Hamas poderá pagar aos 120 mil funcionários públicos, como é que vai arranjar dinheiro para pagar as despesas na educação, saúde, etc, se recusar a ajuda internacional?
Por fim, é preciso lembrar que este grupo há mais de um ano que não se envolve em atentados. Isto não nega o passado deles, é certo, mas revela um esperançoso pragmatismo.
5 comentários
Por Mário Azevedo
às 11:41.
Por fim, é preciso lembrar que este grupo há mais de um ano que não se envolve em atentados. Isto não nega o passado deles, é certo, mas revela um esperançoso pragmatismo.
5 Comentários a “A vitória do Hamas”
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como o Hamas concorreu às eleições pela 1ª vez não é muito factível falar-se em alternância de poder. chegaram lá log na estreia e irão com certeza ficar lá muito e maus anos.
Com o Netanyahu e o Hamas simultaneamente no poder vai ser tudo beijos e abraços, e com umas bombas de carnaval à mistura!
Mas enqt as atenções se virarem + para o Médio Oriente este fanáticos não vêm tanto para cá infernizar a vida à gente.
O facto de ser a primeira vez é absolutamente irrelevante. O que interessa é q num país ainda em processo de democratização o partido da oposição conseguiu derrubar o partido que estava no poder. A forma como esta vitória está a ser aceite pelos derrotados é tb digno de registo. Sinal dos tempos. Há uma coisa que te te estás a esquecer, é q a pressão internacional agora é outra. Netanyahu, referes tu. Será q ele é pior do q Sharon? Não acho, bem pelo contrário, o Sharon é q foi obrigado a mudar.
A pressão internacional agora é outra, para o bom e por vezes para o mau sentido!
mas sempre tenho + simpatia pela Netanyahu (e Sharon) do que pelo Hamas!
Vou parecer simplista, eu sei. Mas como acho que a questão Israel-Palestina é para muitos e muitos anos à nossa frente; fico com o chavão: "foi a vitória da democracia!"
É bacana ver uma eleição e seu resultado correrem com tranquilidade sem esquecer que Sharon está num hospital. É realmente bacana. :)
Eu não estou optimista. Acho mesmo que, enquanto interessar manter o preço do petróleo a níveis actuais, a questão nunca será resolvida.
Quanto à vitória do Hamas, havia o sentimento, desde o assassinato de Arafat, de que o Fatah se havia passado para "o outro lado", e assim, não se pode falar de grande surpresa.
Já agora, quem é que fez as sondagens que davam a vitória ao Fatah? Foi a Aximage, a Eurosondagem ou a Católica?