Perdoem-me se estou a ser parcial ou incorrecto, mas a cobertura da morte de Benazir Bhutto tem sido muito pouco jornalística.
Entre ontem e hoje vi peças nos três canais. Todas semelhantes na exaltação das virtudes da ex-primeira-ministra. E todas a falhar redondamente no equilíbrio da curta biografia apresentada. Bhutto não voltou para "salvar o Paquistão", nem para "instalar a democracia". Aliás, não ouvi nenhuma peça a dizer que só lhe foi possível voltar ao país ao abrigo de uma imunidade judicial, que não lhe possibilitaria a ida aos tribunais para ser julgada pelos múltiplos crimes de corrupção e desvio de dinheiro de que é acusada.
Assim como nenhuma peça "jornalística" esclarece que Bhutto teve de abandonar o Paquista por duas vezes sob acusações de tráfico de influências, favorecimentos e corrupção generalizada no Governo, que lhe elevaram a fortuna pessoal para mais de mil milhões de dólares, com os quais se andava a passear pela Europa, como ela própria disse, "a contar as horas, os minutos e os segundos" para regressar ao Paquistão.
Quanto à democracia, façam-me o favor! Se esta "democracia representativa" resolver algum problema na sociedade paquistanesa, eu vou ali e venho.
E hoje até foram arranjar a ligação à Al-Qaeda, esta sociedade terrorista interessantíssima, que só consegue organizar um atentado de 3 em 3 anos e deixa para trás cassetes vídeo com os campos de treino.

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