O post anterior do Tonanha desponta (entre outras) a velha questão da hipersensibilidade social. Dizer que alguém é preto, cigano ou índio é considerado suicídio social. Andamos todos com paninhos quentes no sentido de não ferir susceptibilidades. Temos sempre de ressalvar a nossa condição de não racista ou de não xenófobo. Ninguém nos dá o benefício da dúvida. À cautela designamos alguém como sendo “negro” e não “preto”. Os americanos são especialistas nestas hipocrisias. Alguém não é “indian” mas “native american”; não é “black” mas “african american”; não é “retarded” mas “mentally challenged”; não se goza um “christmas break” mas um “winter break”.
Esta moda é ridícula porque pretende instituir pela pressão social um igualitarismo pernicioso que se pretende confundir com igualdade. Esta constante autodefesa social desencoraja a frontalidade e a honestidade em favor da mediania.
Em vez de celebramos as nossas diferenças cultivamos a face social autómata e estereotipada. Eu, não sendo especialista, encaro com preocupação o fenómeno.
E gostava de ouvir a opinião da Carla, ela sim especialista na matéria.

8 Comentários a “Políticamente correcto”

  1. # Anonymous Anónimo

    O quê, Leandro, será que li bem!? «Os americanos são especialistas nestas hipocrisias». Olha que isso é muito politicamente correcto.

    Mário  

  2. # Blogger Leandro Covas

    Mário,

    Não é politicamente correcto. É verdade. Como é verdade que eles não são donos da patente e esta situação é altamente criticada por largos sectores da sociedade americana.
    É que eu, gostando dos EUA, consigo ser crítico objectivo da sociedade americana. Ao contrário de alguns que detestam politicamente os EUA mas querem ir de férias para NY desfrutar da sua cultura e liberdade. Upps, agora se calhar fui politicamente incorrecto.  

  3. # Anonymous Anónimo

    Bem, é preciso que se diga que não estás obviamente a falar de mim, que é para haver equívocos entre os q lêem este blogue.
    Quanto ao resto, o problema do "politicamente correcto" é q dá para tudo e mais alguma coisa e não são poucos os que a pretexto de qq crítica aos EUA bradam logo com o politicamente correcto.

    Mário  

  4. # Blogger Leandro Covas

    É claro que não estava a falar de ti, Mário. Mas a muitos a carapuça há-de servir.  

  5. # Blogger Alex

    O discurso é lógico e irrefutável. Vamos aplicá-lo a um exemplo prático. Digamos, por hipótese, que estamos a ver um encontro ou uma reunião, chamemos-lhe uma Cimeira. E estão lá, entre representantes eleitos do povo e outros não-eleitos que se representam a si próprios, por conjectura, um Presidente da República de um país latino-americano, portanto do Terceiro Mundo, e um primeiro-ministro da antiga potência colonizadora.
    Consideremos, apenas para reflexão académica, que o anterior PM dos colonizadores tenha apoiado um golpe de estado contra o PR terceiro-mundista, quando ainda estava em exercício de funções e que se dedique agora a reunir com alguns amigos simpatizantes de ideologias de extrema-direita para atacar o PR terceiro-mundista.
    Depois, a título de exemplo, pensemos que durante a Cimeira o PR chame "fascista" ao antigo PM. Um termo que até o actual PM colonizador insinuou na campanha eleitoral sem o afirmar. E que reflecte o pensamento de muito boa gente na potência colonizadora.
    Vocês, o que é que chamariam ao terceiro-mundista?
    Energúmeno, se calhar?  

  6. # Blogger Leandro Covas

    Alex,

    O "discurso lógico e irrefutável" que me atribuis -o que agradeço- pressupõe a ausência de animus injuriandi. Existindo este, não estaremos perante algo politicamente incorrecto mas perante um insulto puro e duro. Eu sei que a fronteira é ténue, mas uma "reflexão académica" exige a análise destes "pontos finos" da questão.  

  7. # Blogger Alex

    Agora é que me quilhaste... o que quer dizer animus injuriandi??? Não vale usar palavras inventadas...  

  8. # Blogger Leandro Covas

    Animus injuriandi (latim): é a intenção de ofender a honra ou a dignidade de outrem.  

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