Ainda não estou bem em mim. Li alguns trechos da entrevista de Durão Barroso ao Diário de Notícias. Na parte em que comenta a Cimeira das Lajes, Durão confessa ter sido enganado. Até aí nada de novo. Mas o trecho que a seguir transcrevo é arrepiante:
"Portugal, ao dizer que sim ao seu aliado norte-americano, não perdeu espaço com isso, nem tem que estar arrependido. Eu fui, depois dessas decisões, convidado a ser Presidente da Comissão Europeia, e tive o consenso de todos os países europeus."
Pondero se Durão Barroso disse realmente o que está escrito e se mediu bem as palavras. E se disse o que queria dizer. O que está escrito é que não motivos para arrependimento, porque até lhe correu bem a vida. Não há que lamentar a morte de milhares, a guerra civil no Iraque e a crise, porque o José Manuel até se safou bem desta. Vamos lá ver, até valeu a pena isto tudo porque Portugal recebeu, em troca do apoio, a Presidência da Comissão Europeia. Se queriam saber o que é que tínhamos ganho com a Cimeira, está aqui a resposta.
Se Durão Barroso pensa assim, não há volta a dar. O Tribunal de Haia que o venha buscar.

2 Comentários a “Durão e a guerra”

  1. # Blogger Leandro Covas

    Alex,

    Não é caso para o Tribunal de Haia, como uma vez deixei claro num comentário. É unanimemente reconhecido que a guerra do Iraque começou com base numa premissa falsa (as tais armas de destruição maciça)e ainda ninguém apurou que fabricou essas provas (podendo o primeiro culpado ser inclusive o Presidente Bush). Sem provas não condenarei ninguém. Mas sinceramente acho que o Durão e o Aznar não tinham peso político suficiente para serem cúmplices de tal farsa. Mas é apenas uma opinião até prova em contrário. Acusações há muitas, assim como suspeitas. Prova conclusiva não. Julgo que a entrevista se destinava a reabilitar um político que a nível nacional está morto.
    Eu também reparei no mesmo lapso que tu. Durão não resistiu a medir o sucesso pelo seu umbigo. Tal como sempre fez. A boca fugiu-lhe para a verdade. Nisso tens toda a razão.  

  2. # Blogger Alex

    O que me perturba seriamente é a hipótese de lhe ter fugido a boca para a verdade. Não sei se Durão Barroso ou o jornalista perceberam, mas há aqui uma contradição de termos na entrevista: se Durão foi enganado, então o "dizer que sim ao aliado americano" não faz sentido. A mensagem que passa é que o ex-PM "deixou-se enganar", o que é gravíssimo. De qualquer forma, Durão Barroso meteu os pés pelas mãos na entrevista. mais valia ter ficado calado.  

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