Correia de Campos anunciou ontem que os médicos que queiram exercer a sua actividade em simultâneo nos sectores público e privado terão o seu horário de trabalho reduzido.
Em conjunto com este modelo, serão instalados controlos biométricos de pontualidade e assiduidade.
Ou seja, o Governo finalmente oficializa o que já acontece desde sempre: os médicos chegam aos centros de saúde ás horas que bem entendem e saem quando acham que já fizeram o suficiente. mas um bem-haja a Correia de Campos - mais vale às claras.
A notícia lembra-me um episódio que se passou comigo quando entrei para a função pública. Há mais de 8 anos, portanto, precisei de um Atestado de Robustez Física. Como o Centro de Saúde das Caxinas abria (abre?) às 8.30, propus-me a deslocar-me para lá por volta das 8 horas. A minha sogra olhou para mim, sacudiu a cabeça em sinal de reprovação e disse-me que ia ela para lá às 7 da manhã, porque se assim não fosse, eu não teria consulta.
Ainda um bocado incrédulo, fui lá ter às 8.15h para encontrá-la em 5º ou 6º lugar na fila. E lá fiquei. O Centro abriu a horas e fui para a sala de espera. Vi o horário dos médicos afixado e todos eles deveriam chegar ao mesmo tempo em que o serviço iniciava o funcionamento.
Tá quieto! A sala de espera encheu e toca a esperar. Por volta das 10h, vendo que aquilo não atava nem desatava, fui ao balcão saber o que é que se passava. "Não chegou ainda nenhum doutor". E os doutores só começaram a aparecer às 10.30h. Ainda tive tempo de ver entrar uma médica, dizer qualquer coisa ao ouvido da funcionária, que anunciou de pronto que "a sra. dra. só atende 6 pacientes", para desespero de quem lá estava há quase 3 horas. Fui atendido por volta das 11h e comentei com a médica que não era lá muito correcto afixarem um horário que não era cumprido, queixa que repeti à funcionária na saída.
Resultou. Na semana seguinte, quando fui tomar uma vacina que já estava vencida, o horário já lá não estava!

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