E voltando ao que realmente interessa... nunca houve um dia como este em Paredes de Coura. Pela primeira vez na história do festival, não houve um único concerto mau! É verdade, não foi o dia perfeito, mas eu vou lembrar sempre deste dia como uma sucessão de horas em que nunca me apeteceu fugir da visão do palco.
De permeio, a confirmação pelo próprio Adolfo Luxúria Canibal que o fim dos Mão Morta foi um delírio de uma noite de verão. A droga pode não matar, mas deixa um gajo assim...
E os concertos, man?
Os Linda Martini foram os solitários representantes do post-rock no Alto Minho. Nota-se bem que ainda estão em fase de aprendizagem e foram muito prejudicados pelo mau som. Mas já está lá tudo e só falta organizarem ideias e terem a coragem para arriscar. A cartilha da estética post-rock já foi bem digerida, e vamos ver como se saem quando tentarem jogar contra as regras.
As Electrelane foram a surpresa positiva no palco de Paredes. Tinha dúvidas se a dimensão do ambiente fosse o adequado para as aventuras musicais das meninas, mas elas não de intimidaram minimamente, nem mesmo com as evidentes limitações técnicas que não se preocuparam em disfarçar ou com a menor pujança do último registo. Ganharam público e direito a próximas visitas para salas mais intimistas.
Nem mesmo os Sunshine Underground estragaram a noite. Falta material de trabalho (leia-se canções), mas compensaram com uma actuação potente, no limite das suas capacidades. Comentava-se que podem ser a next big thing. Eu não acredito, mas se forem, eu vi-os primeiro que vocês.
Dos Peter, Bjorn & John esperava-se a musiquinha do assobio e algumas passagens mais calmas. O assobio esteve lá, mas acabou por ser o concerto mais fraquinho da noite. Mesmo assim, tiveram presença de espírito para reconhecer que o interessava nesta noite era tocar alto e foi o que fizeram. Também a rever em local mais apropriado.
Os Cansei de Ser Sexy tiveram direito a claque, fanfarra e balões. Não desiludiram e mostraram bem o que valem. Alicerçaram a actuação no clima de festa contínua e nas cançonetas electropop que preenchem o seu registo de estreia, com a inclusão de "Pretend we're dead" das já distantes L7. Não justificam tanto hype, é bem verdade, mas o aperitivo para o prato principal não enjoou.
Que é que posso dizer dos Sonic Youth? Os Sonic Youth são... os Sonic Youth. O concerto foi arrojado, nostálgico, arrasador, lindo e ainda assim, ficou tanto de fora. Se disser que não tocaram nenhuma música do "Evol", do "Sister, do "Goo", do "NYC ghosts and flowers", do "A thousand leaves" e foram mágicos já se compreende a dimensão do que é ver os Sonic Youth num concerto. Deixo aqui algumas fotos emprestadas, porque as palavras não me chegam. E o alinhamento, que foi qualquer coisa assim: "The world looks red", numa versão muito esquisita; "Incinerate"; "Reena"; "Hey Joni"; "Turquoise boy"; "Do you believe in rapture?"; "Rats"; "100%"; "What a waste", que Kim dedicou à América; "Bull in the Heather"; "Jams run free"; "Pink Steam"; "The trilogy: a)the wonder b)hyperstation c)eliminator jr"no 1º encore e "Shaking Hell" para terminar.
Se alguém vos disser que Deus não existe, levem-no a ver os Sonic Youth.
Sol e frio - voltámos ao normal em Paredes.
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