O pântano da Ota já cheira mal.
O novo estudo sobre a localização em Alcochete revela a nossa pequenez.
Primeiro, ao que consta, sei lá, ao Governo compete gerir e investir os dinheiros públicos (leia-se os nossos impostos). Quando vai às compras, à semelhança de todos nós meros mortais, compara alternativas e preços e só depois toma a melhor decisão para o país. Este novo estudo apenas revelou que a Ota era a melhor opção por não se terem exaustivamente estudado outras. E não vale dizer que outros governos se fixaram na Ota pois esta localização sempre foi “bandeira” do PS e os governos do PSD, mais preocupados com o défice das contas públicas, nunca deram sinais que nos levassem a concluir pela prioridade de um novo aeroporto. Talvez erradamente. Não discuto isso. Mas a Ota era uma bandeira política em lume morno durante o reinado do PSD e no qual não houve investimentos e decisões políticas relevantes.
Segundo, é de louvar a contribuição da sociedade civil nesta discussão. Principalmente por a sua contribuição ter sido relevante. Mas, qual o meu espanto, quando algumas vozes mandatadas pelo aparelho socialista se apressaram a pôr em causa este contributo, lançando a suspeição sobre os reais motivos por detrás deste estudo e dos seus financiadores. É claro que à esquerda do PS estas declarações tiveram o seu eco por razões estereotipadas e ideológicas. Eu não temo a existência de interesses privados à volta do novo aeroporto. Pelo contrário, desejo-os. Afinal de contas, é com esses interesses que o actual Governo pretende financiar parte do projecto. A mensagem deste novo estudo parece ser a de que existirá maior interesse económico do sector privado num aeroporto em Alcochete. Logo, maiores condições de sustentabilidade financeira do projecto. Ora tudo isto é muito bonito mas de nada valeria se a nova solução não nos revelasse que o superior interesse do Estado é melhor servido com esta localização - o que parece ser o caso.
Confesso que o discurso político do PS me preocupa. Tudo indica que o interesse do Estado está refém do interesse político de um partido político que pretende salvar a face e evitar uma derrota política. É essa a leitura que faço dos resultados do rápido encontro entre o Ministro Mário Lino e os autarcas da zona da Ota. Pelas declarações prestadas, preocupa-me que a mensagem (para bom entendedor) seja: "ó pá não se preocupem pois este compasso de espera é fogo de vista e o aeroporto será sempre na Ota nem que a vaca tussa".
Última nota: a tentativa socialista em colocar na oposição o ónus de não terem sido realizados os necessários estudos técnicos preliminares é patética. A construção do novo aeroporto internacional de Lisboa sempre foi uma bandeira política do PS. Foi o próprio PS que distorceu o projecto ao ponto de este ser percebido como o aeroporto internacional da Ota. Competia ao governo do PS impulsionar o projecto e encomendar os estudos. Não será isso governar?
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