A minha relação à distância com Marques Mendes já passou por diversas fases: primeiro foi a perplexidade (o que é que faz ali o "ganda nóia"?!?); depois hilariedade; de seguida, indignação, quando começou a fazer de conta que o PSD não precedeu Sócrates; agora, acreditem, só me mete pena.
Pena porque, além da sua falta de perfil para o lugar, o homem tem tido um galo do caraças.
Acontece-lhe de tudo. Logo de entrada, tentou afastar Carmona das eleições para Lisboa. Não conseguiu. Teve de assistir aos espectáculos de Valentim Loureiro e Isaltino Morais, que chamaram-lhe tudo o que não se pode chamar ao líder de um partido, e mais alguma coisa. E ganharam.
Se isto já não era pouco, teve de aguentar com as consequências do desastre orçamental que Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, os dois piores ministros das finanças que já tivemos, causaram. (Aliás, mete-me impressão que estes dois não estejam a responder em tribunal pelo mau que nos fizeram). O Zé Manel pirou-se e quem apanhou as canas foi, primeiro, Santana Lopes. Mas a recolha do lixo, quem a teve de fazer foi Marques Mendes.
E continua. Depois da fase de cinzentismo, quis pôr a cabecinha de fora. "Baixemos os impostos", berrou o homenzinho. "Irresponsável", respondeu a dra. Leite.
E agora, imagino que com o coração pesado, assiste calado aos dislates de Jardim em nome do PSD-Madeira e à vocação de lapa de Carmona Rodrigues. E ainda consegue ser desautorizado por este. Já ninguém o respeita.
No Brasil há uma expressão que as pessoas utilizam quando as coisas estão a correr muito mal. "Dizes que vais cagar e vais-te embora". E a Mendes até deveria parecer uma solução mais honrosa que fazer as figuras que tem feito.
Quanto a Carmona, já se esqueceu que só ganhou as eleições porque concorreu contra Carrilho. A gestão ruinosa, o tráfico de influências e as manigâncias ocorridas durante o seu mandato nada lhes dizem, pelos vistos. Carmona vive na ilusão de ter sido eleito como independente, e que nada deve ao partido o facto de ocupar o poleiro. Está enganadíssimo, mas terão de ser os colegas de câmara a puxar-lhe o tapete, porque não consegue sair pelo seu pé. Mas quando voltar ao anonimato do qual foi arrancado pela fuga do Zé Manel para Bruxelas, pode ser que também queira escrever um livro. Afinal, é moda.

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