As declarações hoje proferidas na Assembleia da República pelo Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social lembraram-me que já começou um novo ciclo eleitoral.
Depois de tanta conversa acerca da "flexi-segurança", o Sr. Ministro vem agora dizer que é necessária maior flexibilidade da economia e, talvez, em menor grau, da legislação laboral. E diz mais: essa flexibilidade terá de nascer da negociação colectiva e não de alterações legislativas.
É preciso ter lata. Certamente, o ministro não desconhece a falta de dinamismo da negociação colectiva (basta ler as conclusões dos vários estudos publicados pela Direcção-Geral de Estudos e Planeamento do seu próprio Ministério - a excelente colecção Cogitum); recordar-se-à que revogou os mecanismos do Código do Trabalho que impunham a negociação colectiva obrigatória (e que visavam, precisamente, impedir que essa falta de dinamismo emperrasse a regulamentação do mercado de trabalho).
Dizer o que disse é "chutar para canto"; é perder tempo valioso que o país não tem; é adiar as reformas e o país.
Quem for conhecedor destas questões lembrar-se-à, certamente, de uma célebre alteração legislativa do Governo de António Guterres que pretendia alterar o conceito de remuneração. Também aí se deixava à negociação colectiva a concretização dessa medida. Resultado: nem sequer chegou a ser lei. Tivemos que esperar pelo Código do Trabalho.
O Governo, e o Primeiro-Ministro, continuam, ao que parece, decididos, não a governar no interesse do país, mas no interesse eleitoral do Partido Socialista. Afinal, já ultrapassamos a meta psicológica da primeira metade da presente legislatura.
A desculpa de que todos o fazem não pega porque quem se lixa é o Zé Povinho, porra!
3 comentários
Por Leandro Covas
às 21:50.
Depois de tanta conversa acerca da "flexi-segurança", o Sr. Ministro vem agora dizer que é necessária maior flexibilidade da economia e, talvez, em menor grau, da legislação laboral. E diz mais: essa flexibilidade terá de nascer da negociação colectiva e não de alterações legislativas.
É preciso ter lata. Certamente, o ministro não desconhece a falta de dinamismo da negociação colectiva (basta ler as conclusões dos vários estudos publicados pela Direcção-Geral de Estudos e Planeamento do seu próprio Ministério - a excelente colecção Cogitum); recordar-se-à que revogou os mecanismos do Código do Trabalho que impunham a negociação colectiva obrigatória (e que visavam, precisamente, impedir que essa falta de dinamismo emperrasse a regulamentação do mercado de trabalho).
Dizer o que disse é "chutar para canto"; é perder tempo valioso que o país não tem; é adiar as reformas e o país.
Quem for conhecedor destas questões lembrar-se-à, certamente, de uma célebre alteração legislativa do Governo de António Guterres que pretendia alterar o conceito de remuneração. Também aí se deixava à negociação colectiva a concretização dessa medida. Resultado: nem sequer chegou a ser lei. Tivemos que esperar pelo Código do Trabalho.
O Governo, e o Primeiro-Ministro, continuam, ao que parece, decididos, não a governar no interesse do país, mas no interesse eleitoral do Partido Socialista. Afinal, já ultrapassamos a meta psicológica da primeira metade da presente legislatura.
A desculpa de que todos o fazem não pega porque quem se lixa é o Zé Povinho, porra!
3 Comentários a “Convergência à esquerda.”
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eu até sou capaz de concordar contigo, mas este governo é socialista, nao é? estàs a criticar o governo por ele defender ideias socialistas, é isso?
Lá estás tu a deificar as ideologias (neste caso a socialista). A tarefa de qualquer Governo é defender os interesses do país e não ideologias.
Até te digo mais: grande parte do nosso atraso (político, económico, social e quaisquer outros que queiras considerar)resulta da defesa extremada e irrealista da doutrina socialista contra os interesses pragmáticos do país.
Não defendo a extinção destas mas também não defendo que a luta política seja de tal modo dominada por elas ao ponto de esquecermos os interesses do país. Neste caso, critico o Governo por adiar uma decisão que eu reputo de essencial ao nosso desenvolvimento económico-social. A defesa de interesses político-ideológicos em detrimento dos do país apenas servirá de circunstância agravante da culpa.
Mais: no caso concreto, o único interesse a defender é o interesse eleitoral do Partido Político que sustenta o Governo. E falo por experiência, pois sempre combati igual mentalidade dentro do PSD.
Leandro, mas o que é que são os interesses do país? Quais são as decisões essenciais para o desenvolvimento económico-social?
Por muito que tu não queiras, as pessoas têm diferentes opiniões acerca destas questões, determinadas pelas ideologias. Tu não queres aceitar, mas as tuas opiniões são também ideológicas.