Sinceramente, já me começa a irritar o sentimento anti americano que grassa por esse mundo fora. O que me espanta ainda mais é a aceitação que tais “doutrinas” têm arrecadado junto dos cidadãos da velha Europa.
É com tristeza que vejo muitos europeus encabeçarem esta tentativa de demonizar os Estados Unidos da América. No seu pedantismo, à boa moda gaullista, alguns europeus assumem estranhas empatias com radicais islâmicos que gostariam, mais do que tudo, de destruir a democracia e os valores que lhe são inerentes. Parece não haver nada mais conveniente do que encontrar nos Estados Unidos um bode expiatório para os males do mundo.
Assim sendo, vamos gritar bem alto que os americanos são estúpidos e têm pouca cultura. Afinal de contas, só pensam no capital e em explorar os fracos, roubando-lhes o petróleo.
São beligerantes e resolvem tudo à força da bala.
Não respeitam o Direito Internacional e mentem.
Não escondo ou ignoro as ambiguidades de algumas das políticas dos Estados Unidos. Até acho que o actual Presidente Bush é um desastre. Mas nada disso justifica o sentimento claramente hostil aos EUA que se vive na Europa.
O que estes doutrinadores não nos dizem é que têm motivações políticas e económicas indisfarçáveis. Querem derrubar um sistema económico capitalista globalizado e substituí-lo por algo que vai desde a anarquia ao socialismo extremista (convenientemente esquecendo que para melhor distribuir riqueza é preciso saber criá-la). Querem aproveitar as liberdades democráticas para defender e implementar pequenas tiranias de esquerda, utilizando a América do Sul como uma espécie de laboratório social.
Importa repor algum enquadramento à questão.
O estereótipo da incultura americana não pega. Eles são responsáveis pela grande parte da música, literatura, arte, cinema, desenvolvimento e inovação de que desfrutamos. Aqueles que gostam de chamar burros aos americanos são também aqueles que depois vão de férias a Nova Iorque.
O estereótipo da beligerância esquece a longa história violenta dos europeus. Suprema ingratidão é esquecer que fomos o berço do nazismo e que fomos depois, com o “rabo entre as pernas” pedir ajuda aos EUA. Igual injustiça é esquecer que foram os EUA que consolidaram a economia e a democracia na Europa no pós-guerra. Vergonhoso é esquecer que este país pagou o maior dos preços por tudo isto: o preço do sangue.
O Direito Internacional é imperfeito e está, na sua maioria, por legislar. E, ainda assim, apenas poderá ter como consequência a regulação de uma ínfima parte do teor das relações entre Estados. O restante será determinado por alianças económicas e militares; por afinidades culturais e políticas; por amizades entre povos. Facilmente se compreenderá que o Direito Internacional não poderá nunca ser instrumentalizado para servir de arma de arremesso contra os EUA. Fiquei consternado com a tentativa de alguns “reformados” e “refugiados” da política “intimarem” Bush, Blair, Sampaio, Barroso e Aznar acerca da Guerra do Iraque. Independentemente do que se pense do conflito, acho nojento procurar confundir o Tribunal Penal Internacional com um vulgar tribunal político ou de opinião. Uma coisa é não concordar com a invasão do Iraque. Outra completamente diferente é insinuar responsabilidade penal individual à luz do TPI. E, para quem o tentar, recomendo a leitura do Estatuto de Roma. O certo é que os intimadores sabem tudo isto e até já leram o referido estatuto. Mas também esperam que a opinião pública não o saiba e não o tenha lido. Esta ideia dos tribunais políticos é perigosa: vejam lá que até eu me sinto tentado a criar um especialmente para julgar a descolonização vergonhosa que foi feita depois do 25 de Abril…
Os EUA não são imunes à crítica. Critiquem o que quiserem, mas sejam justos e imparciais.
Sobretudo, não sejam hipócritas.
Leandro, falas de (e misturas) tanta coisas que tenho dificuldade em te responder, mas aqui vai:
1. Ainda bem que são os Estados Unidos a maior potência do mundo. Deus nos livre de isto mudar.
2. Há muita gente ressabiada de esquerda, inequivocamente.
3. Por outro lado, nos últimos tempos qualquer crítica que é feita aos Estados Unidos é logo rotulada de antiamericana, como se os Estados Unidos não pudessem ser sujeitos à crítica. Isto eu não posso aceitar, e acho até extremamente perigoso. É normal haver num estado tão poderoso a tendência para alguma arrogância e até forças de poder que queiram aproveitar a superioridade militar para acções poucos legítimas.
4. Eu não sei se os americanos são tão burros como dizem, sei é que são eles próprios os primeiros a gozar com isso. Penso que existem duas américas, uma inovadora, dinâmica e culta (que todos admiramos) e outra profundamente reaccionária, puritana e ignorante.
5. Os americanos entraram na segunda guerra porque ela foi lá ter, não porque nós fomos pedir «com o rabo entre as pernas» (esta expressão é completamente anacrónica). Se nós tivermos de ficar a vida toda a bajularmos os americanos por causa disso, então teremos de fazer o mesmo com os russos. Já te perguntaste por que razão o Ocidente deixou serem os russos os primeiros a chegar a Berlim? É que morreu lá muita gente.
6. Por fim, ninguém tem a culpa de os americanos terem elegido o Bush por duas vezes, sobretudo depois deste ter feito uma guerra completamente ilegitima e absurda.
Mário,
Não confundas as minhas palavras. Eu não falo contra as críticas aos EUA. Eu falo contra o sentimento anti americano que é instigado por muitos. Através de críticas, certamente, mas também, e sobretudo, através de campanhas que pretendem nada mais do que denegrir a imagem do seu Presidente (o que eu até compreendo) e das suas instituições (o que eu não aceito). O problema é que esta campanha convida à crítica justa mas, também, à crítica fácil e injusta. Começa-se a "bater no ceguinho" e depois não se pára no limite do justo. Custa-me ver na Europa pessoas a queimar a bandeira dos EUA.
Ao contrário do que dizes, existem mais do que "duas américas". Os EUA são um melting pot gigantesco de culturas. E, pelos vistos, eles sabem viver melhor com o pluralismo do que nós. Aquilo que disseste no ponto 4 aplicar-se-à a Portugal e a quase todos os países da Europa. Em termos sociais, os EUA estão alguns níveis acima em termos de complexidade e tensão social. E, ainda assim, a sua sociedade não tem revelado pontos de ruptura, apenas pontos de grave tensão. Onde na Europa podes ver o mesmo?
Com o devido respeito, pensa melhor no que dizes no ponto 5. Os EUA já suportavam economicamente os aliados antes de entrarem formalmente na guerra. Não te esqueças das manobras pouco éticas do Churchill para trazer os EUA para a guerra. E não compares o incomparável: a Rússia fez um pacto de não agressão com os nazis, é um país europeu e teve que se defender. Os EUA vieram ajudar os democratas europeus numa guerra noutro continente e que não lhes dizia directamente respeito. Ajuda que foram forçados a manter no após-guerra e na luta posterior contra o Bloco de Leste (outra das "belas" invenções da Europa).
Não bajules os EUA. Revela gratidão e reciprocidade nos laços de amizade. E não te esqueças da história e dos amigos.
Um abraço.
Leandro, é claro que os Estados Unidos convivem melhor com o pluralismo do que a Europa. Eles não têm a nossa história. Se reparares bem, até ao século XX a população que vivia em França, na Inglaterra, na Alemanha, etc., era exactamente a mesma que aí vivia mil anos antes. Há um sentimento de pertença muito grande. Durante o séc. XX as coisas mudaram, obviamente com as dificuldades que todos sabemos.
Mas eu não falava do pluralismo da América nesse âmbito. Falava da dicotomia entre a América progressista e a América conservadora, que é transversal a essa pluralidade. Da primeira América, eu gosto e admiro muito; da outra, abomino.
Quanto ao ponto 5, o que eu disse é que os EUA só intervieram directamente na guerra quando foram atacados. Ainda bem que o fizeram, temos de estar agradecidos, mas não presos. Os franceses tb ajudaram os americanos na Guerra da Independência e olha que os americanos têm cá um preconceito contra eles.
Por fim, há uma coisa que te queria dizer. Vejo muita gente preocupada com o antiamericanismo, mas que revela um antieuropeísmo irritante. Basta ler os textos do Pacheco Pereira para perceber isso.
Mário,
Ainda bem que falas no pretenso anti europeísmo do Pacheco Pereira. Não me parece que seja o caso. Não será tanto um sentimento de antagonismo como um de descrença e cepticismo acerca dos limites da coesão política e social da Europa. E sinceramente, também pelas razões que já apontei, concordo com ele. Julgo que estamos todos juntos no desejo de uma Europa unida e politicamente funcional. Já não estaremos juntos a partir do momento em que se queira esconder as disfunções existentes à custa de sentimentos anti americanos.
PS: os americanos foram atacados pelo Japão e não pelos nazis. Poderiam ter-se limitado a combater os Japoneses e não o fizeram. E até o incidente naval que precipitou a entrada dos EUA no teatro de guerra europeu ainda hoje tem contornos por explicar (nomeadamente o papel de Churchill).
Não é desse antieuropeismo que eu falava (embora tb não concorde), mas de algo mais substanciancial, que tem que ver com uma crítica constante ao comportamento dos europeus (não estou a falar de política). O PP só não critica o comportamento dos europeus na casa de banho porque não os pode ver aí.
Discutir sobre os erros dos americanos e ficar comentando sobre todos os casos q eles abusaram de seu poder militar ou quando influenciava outros países é algo q lemos em livros e q sabemos q os malditos já fizeram muitas coisas de dariam motivos para ataques terroristas, mas acho q o certo é discutir sobre como podemos ajudar ao Brasil melhorar sua política e crescermos, pois eu não quero ver os EUA caírem por guerras ou ataques em seu território eu queria ver eles caírem destruindo sua economia em pane geral do pais e ver também o Brasil crescer e tomar rumo para topo se transformando no pólo comercial e tecnológico do mundo e que o Brasil seja respeitado como nunca foi.
mas se ficarmos focados em fazer os outros países caírem perderemos o foco do nosso próprio pais que nao ganhara nd com a queda dos americanos
Discutir sobre os erros dos americanos e ficar comentando sobre todos os casos q eles abusaram de seu poder militar ou quando influenciava outros países é algo q lemos em livros e q sabemos q os malditos já fizeram muitas coisas de dariam motivos para ataques terroristas, mas acho q o certo é discutir sobre como podemos ajudar ao Brasil melhorar sua política e crescermos, pois eu não quero ver os EUA caírem por guerras ou ataques em seu território eu queria ver eles caírem destruindo sua economia em pane geral do pais e ver também o Brasil crescer e tomar rumo para topo se transformando no pólo comercial e tecnológico do mundo e que o Brasil seja respeitado como nunca foi.
mas se ficarmos focados em fazer os outros países caírem perderemos o foco do nosso próprio pais que nao ganhara nd com a queda dos americanos