Eu não escondo que irrita-me falar sobre este concurso. Também não consigo disfarçar que incomoda-me que Salazar tenha ganho com mais de 40% dos votos. Este post é a minha tentativa de racionalizar.
OK, segundo o site do programa, houve 160 mil votos válidos. Assim, não vale a pena disfarçar, Salazar teve cerca de 65 mil votos. Todos sabemos que a claque salazarista se organizou para votar, e utilizou meios menos próprios para proporcionar esta votação. Mas nem sequer é ese o problema que mais me preocupa.
O que verdadeiramente me aflige, como já comentei com o Mário há uns meses, é que este possa ser o mote para um branqueamento do Estado Novo. Basta ler o fórum do programa para voltar a dar de caras com as velhas histórias do ouro que Portugal armazenava, dos benefícios da neutralidade, e assim por diante.
Ora, eu sou neto de imigrantes, dos dois lados. E sei muito bem o que era a vida do português médio nas décadas de 40, 50 e 60. Sei porque os meus avós estiveram e estão vivos para me contar o que passaram e porque saíram - ou fugiram, se calhar o termo mais correcto. E não baixo a guarda. E passo mensagem. É importante não baixar a guarda, porque os golpes podem vir de qualquer lado.
É só um concurso, vale o que vale, não é expressivo, etc., etc., etc. Mas são 65 mil votos. E eu não estou disposto a facilitar.

2 Comentários a “Os grandes portugueses”

  1. # Blogger jms

    Viva a vitória de Salazar nos Grandes Portugueses. Finalmente ganhou alguma coisa democraticamente.  

  2. # Blogger Alex

    Realmente a ironia suprema desta votação é que Salazar, em vida, não foi capaz de ganhar uma eleição sem recorrer a batota. Depois de morto, já papou esta.  

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