Sou sócio do Cineclube de Joane (sediado em Famalicão) há cerca de dois meses. Por azar ou por burrice minha, em quase todas as sessões tenho ficado sentado à beira de um caramelo que acha que o cinema é um óptimo lugar para pôr a conversa em dia. Por estranho que pareça, esse caramelo é amigo do principal responsável pelo cineclube; este senta-se sempre a seu lado, mas nunca o manda calar. Bem pelo contrário, dá-lhe trela!
Ontem, houve nova sessão («Nada a esconder», de Haneke), e eu vinha preparado para procurar um lugar bem distante de incómodos. Só que, infelizmente, cheguei em cima da hora e tive de me acomodar no lugar possível. Já estava escuro e não vi quem estava à minha volta. A princípio parecia tudo bem, silêncio total, o caramelo não deveria estar por perto. Até que, passados uns dez, quinze minutos, alguém atrás de mim começou a ressonar. «Ressonar, no cinema!!», nem queria acreditar! Não olhei para ver quem era, obviamente, mas acreditei que alguém se aprontaria a dar um safanão no dorminhoco. Mas não! Ainda tivemos de aguentar a música durante uns bons tempos. No intervalo, fiquei cheio de curiosidade, comecei a olhar para trás disfarçadamente para ver quem seria, e é então que dou de caras com o acima referido caramelo todo sorridente a dizer para os seus acompanhantes: «Eh pá, se eu começar a ressonar outra vez, não tenham problemas, dêem-me logo uma cotovelada!»

Ah! O filme é, como vocês já devem estar todos fartos de saber, muito bom!
A imagem que coloquei é tirada do filme. Embora não tenha falado dele, achei que esta fotografia para o caso era bastante sugestiva.