Vivo em Braga há 9 anos e esta cidade nunca pára de me surpreender. Deve ser da água, do ar, do calor que aqui faz em Agosto, enfim. Há qualquer merda aqui nesta cidade que não bate certo.
Mostraram-me esta hoje. Saiu no Diário do Minho, jornal de "inspiração cristã". Só podia ser mesmo em Braga que uma senhora chamada Maria Fernanda Barroca escreve sobre a homossexualidade em termos de "cura", "aprofundamento da fé", "egocentrismo" e outras pérolas. Não trascrevo tudo, mas apenas alguns excertos. Para quem tiver peachorra, o texto completo está aqui.
«Deus, tanto melhor vê o sentido da sua vida, purifica a sua consciência e ganha vontade de lutar contra as suas tendências desordenadas. As causas devem localizar-se nos anos da juventude e o papel importante que tem neste processo o relacionamento com os pais. No homossexual está subjacente uma personalidade bloqueada, baseada numa vida sexual imatura e infantil.»
«O caminho da libertação para um homossexual não passa pela compaixão e muito menos pelo reconhecimento da “normalidade” das relações homossexuais. Ora, o que nós vemos actualmente é que os homossexuais querem ser tratados como as outras pessoas, assumindo-se em manifestações provocatórias, exigindo para si um direito que negam aos outros. A homossexualidade é uma doença e a medicina ocupa-se também de outras enfermidades que nem sempre se podem curar, como a asma ou o reumático, mas nenhum médico concluiria que não tem sentido submeter esses pacientes a tratamentos, ou estudar novas terapias. Com os homossexuais passa-se o mesmo – não há outro caminho de libertação senão a luta por corrigir as tendências desviadas. Caso contrário, à frustração junta-se uma vida infeliz disfarçada por uma ruidosa alegria só aparente, que leva à destruição psíquica e ao desespero.»
Apetece dizer: foda-se, é só tolos. Sorria, está em Braga.
5 Comentários a “No "Diário do Minho"”
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Desculpa Alex mas acho que o primeiro paragrafo e para explicar e desculpabilizar a relacao do clero com a pedofilia. Ora volta a ler baseado neste conceito.
Que tal...?
A linguagem usada por V. Ex.ª para comentar o artigo do "Diário do Minho" deixa muito a desejar.
Perde toda a razão a partir do momento em que é mal educado e insulta a cidade de Braga e os bracarenses de um modo geral.
Concordo consigo que o artigo é retrógado e que o mesmo revela uma intolerância incrível.
Mas.. modere-se não é com falta de educação que passa a ter razão!
Alex,
Primeiro, discordo em absoluto da opinião da senhora. E tão pouco me interessa discutir a validade dos seus pontos de vista e a sua eventual natureza intolerante e retrógada. Isso seria outra "missa".
Gostaria era de ressalvar a tua reacção. Parece-me exagerada. Não concordamos com ela mas temos de reconhecer que é a opinião da senhora e que, por isso, merece o nosso respeito. A liberdade de expressão, a arma inicialmente utilizada contra estas opiniões mais conservadoras e até obscurantistas, exige agora reciprocidade. Apesar de discordar profundamente da senhora, bato-me pelo seu direito em a expressar sem ser ridicularizada ou diminuída mentalmente.
Acerca deste assunto, e a propósito do casamento, o Professor Antunes Varela (ilustre jurista e grande impulsionador do actual Código Civil) diz o seguinte: "cada um dos conjugues procura no outro, através da comunhão de vida em que ambos se pretendem inserir, a satisfação de uma série complexa de sentimentos: do afecto especial que os prende; da satisfação plena do apetite sexual que os atrai; do desejo de autonomia em relação à autoridade paterna; da segurança no seu futuro de mortais; da estabilidade na vida de relação; do estímulo quotidianamente renovado de que um e outro necessitam para plenamente se realizarem no mundo; e especialmente do instinto natural de propagação da espécie, através da criação e educação dos filhos". Até aqui todos concordamos. Acontece que infra o mesmo autor acrescenta: "a comunhão de vida a que aponta o casamento só pode ser obtida por duas pessoas de sexo diferente, nunca através das uniões mórbidas de pessoas do mesmo sexo (homossexuais e lésbicas)a que possam conduzir taras ou aberrações sexuais"*. Discordaremos ambos dos adjectivos empregues. Mas não nos podemos atrever a colocar em causa a respeitabilidade e o valor intelectual de quem as emite. A senhora merece o mesmo tratamento.
*Antunes Varela, Direito da Família, Livraria Petrony Editores.
Calma, vamos por partes:
- Tonanha, não consigo localizar a tua ideia no parágrafo, mas podes ter razão.
- Caro sr(a). anónimo, como foi tão educado comigo, respondo-lhe. Não me parece que seja cliente habitual deste blog, porque, se o fosse, já estaria habituado ao tom irónico e mordaz que é utilizado. No meu post não está implícito ou explícito qualquer insulto aos habitantes de Braga, nos quais, por força de já ter passado aqui um quarto da minha vida, tenho de me incluir. De qualquer modo, se se sentiu insultado(a), aceite as minhas desculpas.
- Leandro, a senhora merece e até pede que seja ridicularizada. Se isto fosse uma opinião de café, ainda vá que não vá. Agora, escrever asneirada grossa, armada em argumentação teológica-científica num jornal é dose pra cavalo. Então, vê lá a expressão "o caminho para a libertação de um homossexual". Libertar de quê, de quem? Deus andou a passar procurações a alguém para falar em nome dele? E com argumentos destes? Muito sinceramente, um artigo intitulado "não gosto de rotos" merecer-me-ia mais respeito.
Concordo em absoluto com o artigo. Os comentários dos benevolentes, dos apoiantes e o silêncio de quem já nem se manifesta contra pela vergonha de parecer mal, reflectem a perda de vitalidade da nossa sociedade: sociedade em vias de extinção, dos velhos, da sida, do desperdício.