Mito urbano #2 - Os Exames Nacionais obrigam o aluno a manter-se a estudar e actualizados durante todo o ano.
Até há poucos anos, havia uma coisa chamada "Prova Global". A prova global era um teste elaborado pelos professores de uma disciplina para todos os alunos do mesmo ano. Era corrigida na escola e tinha peso na avaliação final do aluno. Tinha uma matriz e incidia sobre todos os conteúdos leccionados ao longo do ano. A prova era adaptada aos alunos e às condições materiais da escola. Quando a disciplina é prática, a prova era prática. Quando é experimental, a prova era experimental. E não custava um cêntimo ao Estado.
Um belo dia, o governo de Durão Barroso resolveu extinguir as provas globais. E lá foram elas.
Mito urbano #3 - Os Exames Nacionais trazem justiça à avaliação, já que todos os alunos fazem o mesmo teste.
Como é que podemos ajustar a avaliação de alunos que têm Internet, explicadores e pais licenciados com os que têm pais analfabetos e andam três horas diárias de autocarro no percurso casa-escola? Pensam que estou a falar de meninos de Lisboa e Valença? Não, não estou. Estou a falar de miúdos que andam na minha escola e outros que estudam no colégio particular, 100 metros à frente.

2 Comentários a “Manifesto anti-exames - Parte V”

  1. # Blogger Leandro Covas

    Alex,

    Tenho seguido com atenção as tuas considerações e tenho concordado com algumas e discordado com outras, por razões puramente valorativas. Não as vou discutir em pormenor porque me falta a tua experiência pedagógica para sustentar aquilo que penso (e que poderá não passar de uma percepção).
    Sejam quais forem as causas estruturais, concordo com estas conclusões: http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2007/07/o-ocaso.html.
    Mas a verdadeira (in)justiça para estes estudantes, sejam os das escolas públicas ou privadas ou os que tenham pais licenciados ou analfabetos, é a selecção do mercado de trabalho. É esse o nível de qualidade e excelência a que se deveria aspirar. E parece que toda a problemática dos exames se centra no seu umbigo e esquece este facto fundamental.  

  2. # Blogger Alex

    Viva,
    Esta selecção do "mercado de trabalho" é muito menos concreta do que o que poderíamos esperar. Quando eu iniciei as lides da formação profissional, uma parte significativa das empresas procurava trabalhadores "formatados" para os postos de trabalho que elas tinham para oferecer. Hoje as empresas de ponta, pelo menos tecnologicamente falando, já não querem exactamente isso. Querem sim um trabalhador moldável, que elas próprias possam formar. A especificidade da produção actual a isso obriga. Mas ainda vivemos nos dois mundos, e a treta d'"a escola não prepara os jovens para o mundo do trabalho" é um discurso que ainda está vivo e tem seguidores.  

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